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Serra da Longevidade

Quando saímos de Porto Alegre rumo a serra gaúcha, além de uma viagem agradável e cheia de vida, de verde e de um céu azul e límpido, vamos nos dando conta da história da longevidade. Quanto mais avançamos nas estreitas estradas da serra, mais e mais percebemos a imponência da natureza e suas revelações.

As flores começam a brotar logo na estrada, hortênsias e lírios, rosas e flores rasteiras de todas as espécies, plantações contornando paisagens, o ar mais puro, mais úmido e menos denso, moradias elegantes, mesmo as mais simples. Existe um colorido muito especial e pitoresco, os pássaros fazem algazarras e animam por demais o cenário já tão encantador.

As temperaturas são mais amenas, e a grama parece um tapete fofo, há animais que parecem relaxar nas propriedades de beira de estrada, as pessoas acenam em cumprimentos com a cabeça e há gentilezas no ar.

Quando se conhece o povo dessas paisagens o encantamento só aumenta, as pessoas são fraternas, educadas e a solicitude é característica de quase todos. As comunidades se reúnem pelo alimento, pelo vinho, pelo chimarrão, se reúnem pela fé e pelas ações solidárias. Comemora-se todas as datas em cada um dos lugarejos, há festas o ano inteiro, valorizam o trabalho, o respeito e o dinheiro.

Mas será que não há tristezas com esse povo cativante? E a tão decantada longevidade é mesmo característica da serra?

Com certeza há tristezas, problemas, decepções, dificuldades e apuros afinal são pessoas como as demais. Talvez essa terra de menos cimento e asfalto permita mais equilíbrio, menos urbanização traga mais relevância nas relações, talvez o homem serrano seja mais sensível aos privilégios naturais e os valorize de forma diferente. A agricultura e a pecuária dão o protagonismo do trabalho, e onde há comida a violência sempre é menor.

Mas e a longevidade?

A longevidade! Talvez esteja na água de qualidade, na comida caseira, no churrasco, na uva, no vinho, no pão e na flor. Na roda de chimarrão, na dança, na tradição, no abraço do vizinho, na fé trabalhada por amor. Talvez no aconchego familiar, nas bênçãos dos avós. Talvez nas quatro operações: a soma das alegrias, a subtração da solidão, na multiplicação da qualidade de vida e na divisão de amor fraterno.

Fato é que a generosidade da terra auxilia a qualidade da existência, mas talvez haja mais detalhes que nos ofereçam essa permissão de viver mais e melhor, e pensá-las é necessário.

É preciso valorizar esse privilégio e mantê-lo, saboreando os benefícios da terra. É importante dividir essa receita, não para que as pessoas venham morar na serra, mas para que cada lugar encontre sua receita própria e viva mais e viva melhor.

Falar em longevidade é perceber que o bem viver é maior que a sobrevivência e que é viável construir dia a dia, um ambiente ameno e cheio de amorosidade. Longevidade com qualidade é uma forma estruturada para se atravessar gerações.

Mariângela Carvalheiro
Psicopedagoga e graduanda em Gerontologia
mariangelamsc@gmail.com

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