Envelhescência

Envelhescência

A palavra adolescência nos é bastante familiar, todos a conhecem e conhecem também um bocado de adolescentes chamados de “aborrecentes”, por seus comportamentos impulsivos e exagerados.
É uma fase da vida muito peculiar e repleta de oscilações. Apesar de conflituosa é bem vista, sinônimo de juventude, de vida e de prosperidade, a transição para a vida adulta, o florescer da meninada.

Já a envelhescência para muitos é novidade, mas de pronto nos remete sonoramente a palavra adolescência, sem tanto vigor.

Pois bem, não é bem assim, a envelhescência é a adolescência da velhice, o termo foi cunhado por Manoel Berlink e define a fase que se inicia após os 45 anos e é o preparo para a velhice, uma fase intermediária e bem interessante. Não tão bem aceita ou estimada, mas cada vez mais presente na sociedade da longevidade e é uma porta aberta para descobertas e autoconhecimento, são os voos maduros!

Se a adolescência é um marco, uma transição caracterizada por impulsos do desenvolvimento físico, mental e social. Se possui um bocado de especificações com mudanças radicais em todas as áreas, mudanças corporais, mudanças de temperamento, radicalismos, ritmos e emoções à flor da pele, “uma tempestade perfeita” definiria a neurocientista Sarah Jayne Blakemore; então sugiro que aumente um pouco o zoom e perceberá que a envelhescência também tem características bem similares e é para os mais atentos, um processo repleto de possibilidades.

Mudanças físicas, mentais, corporais, sexuais e sociais. Transição para fases futuras, ritmos alterados, desequilíbrios, ansiedade, excesso de informação, sensação de incompreensão e tempos de subtração.

Assim se veem os adolescentes e os envelhescentes e embora caminhem para destinos distintos temporariamente, olhem para diferentes direções precisam de ventos oportunos para serem bem-sucedidos nessa transição.
A envelhescência não é a negação da velhice e nem a tentativa de permanecer jovem, é a procura de novas formas de se obter felicidade, de criar ressignificação para momentos agora mais mornos, é trabalhar a auto superação, não dando espaço aos discursos pejorativos sobre a velhice, não permitindo que se macule ou atrapalhe a própria autoimagem e o caminhar com excelência por essa estrada boa, porém finita.

Com o fim da adolescência tem-se a expectativa de um adulto mais equilibrado, e o que vem depois da envelhescência?

A expectativa de um viver com menos peso, com amor, com família, desfrutando do carinho dos amigos, apreciando uma boa comida, uma leitura edificante, passeios, viagens e em especial, saúde física e mental. Talvez haja um remedinho ou outro na mochila e a memória não seja tão boa como foi um dia, mas que no conjunto muitos saldos positivos.

Mario Prata diz que os adolescentes têm excesso de futuro e os envelhescentes tem excesso de passado, quem sabe se possa contrabalançar essa conta através de trocas de experiências e um tanto de boas histórias.
Afinal abraços não saem de moda, tão pouco fraternidade e acolhimento, assim se ao invés de passos duros de indiferença com as muitas fases da vida, criarmos um corredor de luz, ninguém será deixado para trás. E a transição para a velhice possa ser promissora como deve ser a transição da adolescência para a idade adulta.

Mariângela Carvalheiro
Psicopedagoga e graduanda em Gerontologia
mariangelamsc@gmail.com

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