Mario Sergio Cortella e um de seus excelentes textos sobre “sã loucura”.
À primeira vista, parece uma contradição. Até há uma figura de linguagem em português, que chamamos de oxímoro – uma contradição dos termos. Sã Loucura. Gosto de trazer à tona um pensamento do educador Paulo Freire, de que existe uma loucura que é sadia. Qual loucura? Aquela que enfrenta o que é óbvio, a comodidade, a incapacidade de algumas pessoas se movimentarem quando é preciso.
Encontramos, no dia a dia, homens e mulheres que parecem heróis e que assim o são chamados. O que é um herói? É aquele que é portador de uma loucura sadia, que faz o que precisa ser feito, mas que nem todo mundo faria. E alguns até diriam depois: “Parece loucura”.
O mesmo vale em relação a mulheres e homens que chamamos de santos. O que é um santo ou uma santa, dentro das práticas religiosas ou até sem uma religião por trás? O santo ou a santa é aquele que tem uma loucura sadia. É aquele que enfrenta o que pareceria loucura enfrentar e até se diria que uma pessoa “normal” não faria. Não iria fazer isso, não iria dizer isso, mas que é necessário fazer, quando se quer garantir a autonomia, a integridade, a capacidade de construir o que é decente.
Existe, sim, uma loucura sadia. Pode ser o herói, pode ser o santo, pode ser o anônimo. Mas ela está no nosso dia a dia como aquilo que, ao poder ser feito e tiver de ser feito, o será.
Mario Sergio Cortella
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