Mario Sergio Cortella e um de seus excelentes textos sobre “Zelo”.
Quem não gosta de gente que zela pelas nossas coisas? Será que nós mesmo zelamos pela nossa decência? Nós desejamos, por exemplo, que tenhamos governantes zelosos, que exerçam o ofício da zeladoria, que tomem conta, cuidem. Mas temos de lembrar que a palavra “zelo”, originalmente, no grego, significa “ciúme”, que algumas vezes encontra terreno na posse obsessiva. Ser ciumento é diferente de ser zeloso. Uma pessoa zelosa é aquela que cuida, mas não é aquela que esconde, que impede que outro se aproxime, que impede que as outras pessoas tenham a condição de partilha.
Zelar por algo é fazer com que a integridade – de uma ideia, de um objeto, de uma pessoa, de um lugar – seja preservada, mantida inteira e, portanto, não tenha rachaduras nem ameaças.
O ciúme obsessivo pode fazer com que eu aperte aquilo que é meu com tanta força para segurar, que ele acaba quebrando. Seja um afeto, seja uma conexão, seja um conhecimento.
Zelar, no sentido de ser capaz de abrigar, de proteger, de salvaguardar jamais deve ser sinônimo de obsessão.
Mario Sergio Cortella
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Mario Sergio Cortella é um filósofo, escritor, educador, palestrante e professor universitário brasileiro mais conhecido por divulgar questões sociais ligadas à filosofia na sociedade contemporânea.
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