Estudo, convivo e me interesso pelo envelhecimento e tudo que nele está contido. Conheço lares acolhedores e um bocado de idosos maravilhosos e cheios de amor, já recebi abraços e delicadezas desse grupo que foram de arrepiar e aprendi e ainda aprendo com eles que a vida vale a pena e saber viver, cria um caminho de bênçãos, de experiências edificantes e só a melhor versão do céu pode estar à espera desses anjos velhinhos.
Escrevo sempre sobre caminhos e descaminhos do envelhecer, pois apesar de tanta gente boa, também observo os rebeldes, revoltados, agressivos que fazem a vida deles e dos que os cuidam um verdadeiro martírio e o sofrimento se arrasta sabe Deus até onde. Já comentamos que velhos chatos, são jovens que envelhecem, e isso vale para os agressivos e temperamentais. E para esse time cheio de dureza, cuidadores são apenas cuidadores, pois não é possível laços e afetos e o peso do envelhecimento é terrível.
Vejo idosos que agridem, que xingam, que cospem nas pessoas, usam palavras feias o tempo todo, jogam coisas e reclamam da família, de abandono e da vida. É terrível medicá-los, fazer sua higiene, alimenta-los, terrível conviver diariamente com o genioso ou a geniosa incontrolável. Não conseguem socializar, divertir-se ou ter momentos de harmonia. São vítimas do tempo, da velhice e de si mesmos. Um transtorno para a família, um transtorno para as instituições e para os cuidadores.
O velho discurso de que sempre foi pessoa difícil, temperamento forte, mandão e briguento não ameniza em nada o dia a dia do rabugento. Com o tempo ele vai ficando de lado, recebe apenas os cuidados básicos, naturalmente é o idoso de poucas visitas e o tempo que sempre foi generoso também desiste de tentar mudá-lo.
E aí nossa temática: Verdade ou consequência? Abandonaram ou ele se abandonou? Foram impacientes com o pobre velhinho, ou seu temperamento agressivo afastou quem quer que seja? Não foi amado ou nunca soube ofertar amor? A vida foi dura com ele ou ele ainda é que é duro com a vida? Frágil ou rancoroso?
Uma vida longa e nem um curto momento de reflexão?
A quem diga que ficar mais endurecido é natural do envelhecer, será mesmo? Observando uma avó brincando com a netinha, percebi que seus corações tinham a mesma idade, e na dúvida bastava ouvi-las gargalhar.
É nisso que temos que prestar atenção agora, enquanto temos tempo de aprender envelhecer, enriquecendo nosso olhar, abrindo mão de crenças limitantes e preconceitos, parando de ser o que a vida permitiu e sendo o melhor possível para nós e para os outros. Somos o produto de nossas escolhas, a conta é nossa, fracassos não foram nossas opções, mas o resultado possível de nossas ações, e é isso. Viver é essa coleção de vitórias e derrotas.
Há cuidadores que viram netos, casas de acolhimento que viram lar, já se tem notícias de idosos adotados, há gente por toda parte patrocinando amor para quem quer ser amado. Já dizia o mestre da bondade Chico Xavier: ”Ninguém pode voltar atrás e fazer um novo começo, mas é possível começar agora e fazer um novo fim”.
E para finalizar com amorosidade e parafraseando outro ícone da gentileza e que vem de encontro a nossa reflexão, uso as palavras de Cora Coralina: “ Não podemos acrescentar dias a nossa vida, mas podemos acrescentar vidas aos nossos dias”. Que façamos as melhores escolhas!
Leia nossa indicação e post “É possível chegar a perfeição do ser humano?”
Siga nosso insta @PensarBemViverBem