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Velho Não!

Velho Não!

Nossa reflexão de hoje nasce de uma personagem de cinco anos, uma criança linda, inteligente, de pura vivacidade, articulada e corajosa. Em especial quando fez uma afirmação que incomodou sua família.


A menina disse que não queria envelhecer, que envelhecer era feio e parecia ruim, os velhos não pareciam servir para nada. Mesmo chocada com a afirmação, a mãe quis entender tamanha dureza de olhar.


A pequena explicou que muitas observações a fizeram chegar a esse conceito. Observou a lentidão nos passos e nos movimentos, as rugas que transformavam o rosto, a dificuldade na audição e sobretudo, que nunca tinham mãe!


Eram engraçados as vezes, estranhos tantas outras, tinham manias, faziam caretas, não sabiam brincar e todos morriam. Assim “velho” não era sinônimo de uma vida boa.


A inocência lhe permitiu falar abertamente o que muitos pensam, e foi possível entender que preconceito também arrebata um coração puro, e pode fazer parte do contexto de qualquer criança. O olhar equivocado que se formava também era um olhar social.


Mas sua ignorância estava em tempo de ser combatida e uma boa aula de amor poderia mudar tudo. E foi assim que a família revisitou os próprios conceitos e comentários, e buscou fazer a menina entender que a passagem do tempo tem muito a oferecer.


Na descrição que fizera da velhice, ela demonstrou seus temores, pois tudo ia na contramão dos valores sociais apresentados. Por trás da descrição dura, havia era um bocado de medo.


Lentidão assustava aquele pequeno furacão, perdas eram inconcebíveis para o momento, e não ter a mãe, impossível cogitar para a pequena menina.


Com delicadeza e respeito foi explicado que envelhecer era também evoluir, aos cinco anos ela já havia envelhecido um bocado e tudo sempre ficava melhor naquele ser mais velho. Sua inteligência havia aumentado, a mamadeira e a chupeta não eram mais necessárias, tão pouco as fraldas e seu vocabulário havia dado altos saltos. Seu primeiro olhar positivo quanto ao envelhecer se deu com ela mesma.


A mãe contou que o termo “velho” que vem do latim, vetus significa, qualidade do antigo. Um lindo valor!


Tudo parecia menos penoso. E ela pôde entender que ao abraçar um idoso, estava abraçando gerações, é o abraço do futuro, do presente e do passado num mesmo personagem. Um abraço completo e histórico.


A pequena descobriu que envelhecer é privilégio, é colecionar experiências e histórias de vida, é ficar mais e mais inteligente. Que o velho não se opõe ao novo, caminham juntos. E sempre é preciso lembrar que é o humor que salva o mundo, não a juventude.


Mostrou que ao usarmos a palavra velho num contexto positivo, a palavra é maravilhosa: “O velho hábito de amar! ”


Em poucos dias e com muitos exemplos positivos tudo mudou e a pequena parecia não ter mais problemas com a passagem do tempo. A palavra não era mais um problema em seu vocabulário galopante.


Ela permitiu a passagem do tempo: com o velho hábito de confiar, velhas brincadeiras, velhas e novas estórias e o peso da palavra se dissipou assim como seu preconceito.


Está em nossas mãos combater ou criar preconceitos, precisamos estar atentos aos discursos diários e até as brincadeiras, mesmo com boas intenções, e o inferno está cheio delas, podemos estar criando conceitos equivocados.


Leia nossa indicação e post “É possível chegar a perfeição do ser humano?”

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