Vaidade excessiva no livro: O retrato de Dorian Gray

Vaidade excessiva no livro: O retrato de Dorian Gray

Texto: Aline de Alencar Rosa

Recentemente mergulhei com mais seriedade e crítica ao ler essa magnífica obra de Oscar Wilde que foi lançada em 1891, após  contemplar esse belíssimo trabalho artístico percebi alguns pontos onde o autor lança para seus leitores alguns questionamentos, perguntas que nos levam a pensar sobre a vaidade e beleza.

Primeiramente me adentrando nas primeiras páginas “O retrato de Dorian Gray” ficou evidente para mim que nosso escritor Oscar Wilde buscou algumas referências na antiga mitologia grega, onde ele trás para os leitores em um único trecho  algo muito profunda sobre Dorian Gray, esse parágrafo considero o mais rico em detalhes, não detalhes físicos sobre a beleza do protagonista mais sim as entidades mitológicas as quais ele é comparado.Leiam com atenção este trecho do livro onde  o pintor Lord Henry conversa com seu amigo Basil Hallward, o assunto principal era sobre a formosura de Dorian Gray.

Na verdade, não consigo ver qualquer semelhança entre você, com

esse rosto rude e enérgico, o cabelo escuríssimo, e este jovem Adónis, que

parece feito de marfim e pétalas de rosa. Ora, meu caro Basil, ele é um

Narciso, enquanto você… Bem, é certo que o meu caro amigo tem um ar

intelectual, e tudo o mais. Mas a beleza, a verdadeira beleza, acaba onde

começa a expressão intelectual. O intelecto é em si uma forma de exagero e

destrói a harmonia de qualquer rosto. Assim que nos sentamos a pensar,

ficamos todos nariz, todos testa, ou outra coisa horrenda. Veja esses homens

que triunfam em qualquer profissão intelectual. São completamente

hediondos! Com excepção, evidentemente, dos homens da Igreja. Mas é que os

da Igreja não pensam.”

Uma coisa que eu achei muito interessante no livro, é que Oscar Wilde personificou Narciso e Adônis em uma única descrição, fazendo Dorian Gray possuir as características de ambos personagens gregos.E isso é muito profundo realmente Wilde foi um gênio, se adentrarmos na mitologia grega , esses dois personagens são a representação máxima da beleza e da vaidade.

Adônis : De beleza exuberante Adônis se destacou aos olhos de Afrodite, então a Deusa se apaixonou por ele. Para fazer isso realmente ele na descrição era incrivelmente belo.

Narciso :  De excessiva vaidade podemos também  chamá-lo como o Auto admirador, seu ,mito  perpetua pelos vários campos da filosofia, é daí que vem o termo narcisismo.

Mas voltando ao nosso protagonista, Dorian Gray possuía as duas características, a beleza e a vaidade, contudo mesmo sendo muito novo Dorian era um rapaz que pensava bastante sobre a vida.

“A simples presença física deste rapaz – para mim não passa de um

rapaz, embora tenha mais de vinte anos -, a sua simples presença física… Ah,

mas será que você compreende o que tudo isto significa? Inconscientemente,

ele define-me uma nova escola, uma escola que há-de conter toda a paixão do

espírito romântico, toda a perfeição do espírito grego

A perfeição do espírito grego mencionado neste trecho para mim não se trata  do ideal grego de beleza onde se é trabalhado as proporções e conjuntos de estéticas, Na minha opinião Oscar Wilde quis trazer neste parágrafo a unidade do espírito helênico, “Homero” (A odisséia e Ilíada ) são considerados dentro da literatura grega  que expressa com força e beleza a grandiosidade da remota civilização grega .A perpetuação do espírito grego se dá através de sua literatura.

 Voltando a falar sobre beleza e vaidade, existe um trecho do livro que considero o ápice da trama pois é o exato momento que  Dorian Gray  passa a refletir sobre sua juventude, e foi pelas palavras de Basil Hallward, mudou o seu modo de ver a vida:

Vejam esse trecho do livro:

“Um dia, quando for velho, enrugado e feio, quando o pensamento lhe tiver sulcado a fronte de rugas, e a paixão, com suas chamas medonhas, lhe tiver crestado os lábios, sentirá então uma impressão terrível. Agora, aonde quer que vá, consegue seduzir todas as pessoas. Mas será sempre assim? Tem um rosto de beleza deslumbrante, Mr. Gray. Não precisa de fazer esse ar tão contrariado. É verdade. E a Beleza é uma forma de Génio, sendo mesmo superior ao génio, pois não necessita de ser explicada. Ela faz parte dos grandes elementos do universo, como a luz do

sol, a Primavera, ou o reflexo nas águas nocturnas, dessa concha de prata a

que chamamos lua. Não pode ser contestada. Tem o direito divino de um

soberano. Transforma em príncipes os que a possuem. Sorri? Ah, quando a

tiver perdido, deixará de sorrir… Por vezes, ouve-se dizer que a Beleza é

apenas superficial. Talvez seja. Mas, ao menos, não é tão superficial como o

Pensamento. Considero a Beleza a maravilha das maravilhas. Só os fúteis não

julgam pelas aparências. O verdadeiro mistério do mundo é o visível, e não o

invisível. Sim, Mr. Gray, os deuses foram-lhe favoráveis. Mas os deuses dão

agora, para tirar depois. O senhor tem tão-somente alguns anos para poder

viver a vida em real plenitude. Quando a mocidade se for, com ela irá a sua

beleza, e, então, cedo descobrirá que não lhe restaram êxitos, ou terá que se

contentar com os êxitos insignificantes, que a lembrança do passado tornará

mais amargos do que às derrotas. À medida que os meses vão minguando, eles

vão-no aproximando de algo terrível. O tempo tem ciúmes de si, e faz guerra à

primavera dos seus anos. Então, ficará com a pele macilenta, as faces

encovadas e o olhar mortiço. Irá sofrer tormentos… Ah! Tome plena

consciência da sua juventude enquanto a possuir. Não esbanje o ouro dos

seus dias a dar ouvidos a gente maçadora que tenta aproveitar o fracasso

irremediável, nem perca o seu tempo com os ignorantes, os medíocres e os

boçais. São esses os objectivos doentios, os falsos ideais dos nossos dias. Viva,

viva a vida maravilhosa que existe em si! Não desperdice nenhuma

oportunidade, procure sempre novas sensações. Não tenha medo de nada…

Um novo Hedonismo – eis o que faz falta ao nosso século. O senhor podia ser o

seu símbolo vivo. Com essa sua personalidade, não existe nada que não possa

fazer. O mundo pertence-lhe por um determinado tempo… No mesmo instante

em que o conheci, Mr. Gray, vi que o senhor não tinha consciência da sua

verdadeira natureza, nem do que poderia ser.”

Este trecho do livro demonstra  como as palavras  de Basil Hallward são duras e amargas, e ao mesmo tempo faz com que o leitor junto ao protagonista se adentrem em uma profunda reflexão sobre a vida e juventude .

O retrato de Dorian Gray é considerado uma obra prima pela literatura inglesa e é reconhecido mundialmente pela genialidade de Oscar Wilde, o livro possui uma descrição impecável, é agradável de ler,aqueles que se aventuram nesta leitura simplesmente não continuam a mesma pessoa após a sua leitura.

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