Uma agricultura diferente, mas sem radicalismo ou fanatismo e sim, inteligência, consciência e sabedoria

Uma agricultura diferente, mas sem radicalismo ou fanatismo e sim, inteligência, consciência e sabedoria

O juramento do profissional das agrárias é mais ou menos assim: “produzir alimentos e ajudar o agricultor dar à terra mais do que ciência e técnica, algo vindo do coração, respeitando sua riqueza e procurando, com fé, honra e ética profissional, a plena execução dos deveres do ofício, seguindo os ditames da consciência, honrando o legado de pais e mestres, em perfeita harmonia entre os homens e a natureza”. Quantos de nós tem honrado com seus próprios compromissos pessoais para termos uma sociedade mais justa e fraterna?

Há uma ótima reflexão aqui: estamos preocupados em deixar um planeta ou algo melhor aos nossos descendentes, ou estamos preocupados em deixar bons descendentes para esse mundo? Talvez não estejamos pensando em nenhuma dessas possibilidades. Mas é urgente tratarmos com carinho essa nossa casa comum e fazer o que está ao nosso alcance para cuidar dela agora e não esperar pelo vizinho ou para fazer isso no futuro. Existe uma sabedoria indígena muito legal que resume toda essa consciência que o ser humano deveria possuir uns com os outros e com o ambiente que nos cerca. Ela se traduz na máxima: a “Terra é nossa Mãe”. E o que fazemos com ela, nos acontece da mesma maneira. Essa afirmação é corroborada pela própria Bíblia, a qual cita que somos feitos de pó da terra e a ele voltaremos (Gênesis, cap. 3, vers.19). Há também os padrões semelhantes existentes entre alimentos e os órgãos do corpo para os quais eles mais beneficiam (Paracelsus, 1493-1541). E há também os incontáveis padrões ecológicos que se repetem na natureza, muito estudados pela Antroposofia e pela Permacultura na prática. Quem quiser verificar isso mais detalhadamente, basta pegar uma imagem de um mapa de altitude cheio de linhas e curvas retratando o relevo da área que ele representa e comparar com uma imagem das linhas dos nossos dedos que são nossas digitais pessoais. Podemos dizer analogicamente, que a mesma pele que cobre o planeta cobre a nós também.

Mesmo sabendo de tudo isso, se não estamos nos assustando e nos preocupando nem com as coisas terrenas do momento em que vivemos, as quais podemos ver, ouvir, estudar e tocar (doenças severas e agressivas ao organismo, violência, corrupção, prostituição, eventos climáticos diversos), quanto mais com as espirituais, que nos são inacessíveis pelos órgãos dos sentidos? “Capaz que eu vou me preocupar com o que eu faço e deixo de fazer e com as consequências dos meus atos!” Isso é quase o ditado de uma grande maioria atualmente. No entanto, é preciso lembrarmos que não sabemos se teremos outra vida ou outra chance mesmo que acreditemos em reencarnação (e se esta for a última?). Portanto, na dúvida, é melhor cuidarmos o mais que podemos desta vida que estamos vivendo, enquanto estivermos lúcidos e despertos, já que depois nada sabemos. O mais sábio e inteligente é procurar vivê-la da forma mais consciente e racional possível e não de forma inconsequente. Pois não devemos ser ingênuos, cada causa tem um efeito e cada semeadura gera uma colheita. Se tentarmos ser altruístas, pacifistas, porque somos todos irmãos, exercitando e praticando a bondade, amor e doação teremos uma vantagem sobre as pessoas injustas, perversas, maldosas e depravadas: se não tiver recompensa, estaremos na mesma condição; mas se houver uma forma de recompensa pelos atos praticados após a nossa morte, talvez a ganharemos e aquelas não. Isso ocorrerá porque amor é construção, é vida, algo permanente, enquanto maldade é apenas destruição, vida sem sentido, algo temporário apenas. Não existe maldade e sim falta de amor; assim como não existe frio e sim falta de calor, e/ou não existe escuridão e sim falta de luz.   A matriz energética universal básica é energia, e sua presença está em tudo e todos. Então, todos somos uno também. Em síntese, como não há como saber isso ou aquilo, prefiro escolher o caminho da conservação, mais cauteloso, fazendo isso por opção e preferência, por vontade própria. Caso não se obtenha nada com esse proceder mais repleto de valores morais, sentimentais e espiritais, também não perderemos nada! Até porque pode ser que nem exista nada depois da morte! No entanto se todos esses pensamentos nos chegam às nossas mentes é provável que exista algo sim apesar de não termos certeza do que seja. Isso é comprovado pelo registro akáshico, citado pelo budismo, o qual armazena no universo tudo o que falamos…e praticamos. Agora, quem só faz o mal ao próximo ou ao mundo, sabendo disso, ele apenas conta com a sorte de não haver nada do outro lado. No caso de haver alguma forma de compensação, pois não sabemos, ele poderá se arrepender amargamente, pois talvez não terá como voltar atrás e consertar os suas ações. O descaminho e a libertinagem que muitos seguem pensando que deve-se aproveitar a vida física ao máximo pois morreremos logo em seguida, não é nem um pouco inteligente e sábio. Poderíamos enquadrar esse agir como insensato demais, porque ninguém em sã consciência irá dar chance ao azar. Seria análogo a saltar de pára-quedas sem conferir previamente o equipamento e saltar apenas na sorte de dar certo. Ou então como tem acontecido com nossos rios: transformamos eles em latrinas a céu aberto literalmente, para depois reclamar que não teremos mais água potável no futuro. Ou será, que o mais sensato não seria fazermos saneamento básico adequado em todas as nossas cidades e parar de poluir a água de uma vez por todas!? Acredito que o acesso ao mundo espiritual seja semelhante. Como iremos para um mundo melhor, mais sutil, sublime, divino e elevado, se não somos capazes de cuidar nem deste mundo físico, mais bruto, mais concreto e real??? Seria quase como se estivéssemos em um período de preparo e treinamento para algo que vem depois.

 Uma “agricultura ecológica” em larga escala e em todas as propriedades rurais, ainda é muito desacreditada e ridicularizada. Porém, não devemos esquecer que agricultura natural (tradicional) existe desde o início da criação, enquanto que a agricultura dita moderna através do combustível fóssil, adubos solúveis, agrotóxicos e transgênicos existe há apenas dois séculos! Sendo assim, será que ela se sustentará em si mesma até quando!? Não precisamos voltar à época do cavalo ou da enxada, mas se continuarmos nessa agricultura convencional, o colapso dos recursos naturais será inevitável.

Caso a aplicação de agrotóxicos diminuísse, já haveria mais consciência e uma agricultura mais sustentável. Atualmente, precisaríamos parar, pelo menos, de utilizar dessecante em cima do feijão, trigo, soja, cana-de-açúcar para “emparelhar” a “secagem” (senescência das folhas) antes da colheita. Mas se nem isso conseguimos, como vamos falar em agroecologia na íntegra?

Quem faz monitoramento integrado de pragas e doenças nas culturas em geral para aplicar os agrotóxicos apenas em situações de extrema emergência e prejuízo financeiro? Onde todos os outros métodos de manutenção da sanidade vegetal conhecidos já foram utilizados? O menor uso de insumos agrícolas externos à propriedade deixou de ser apenas ideologia, pois uma menor despesa, representa mais dinheiro no bolso do agricultor, sem necessariamente diminuir a produtividade. Produzir menos, mas com mais qualidade física, nutricional, biológica e química, passou a ser mais importante e lucrativo, do que produzir apenas e meramente maior quantidade.

Para uma maior conservação da matéria orgânica do solo ao longo do tempo e manutenção da fertilidade com o passar dos anos, deve-se utilizar, se não tiver outra alternativa (mas geralmente tem), agrotóxicos de forma a mais racional possível. Não poderíamos afetar tanto a microbiologia do solo como fazemos, e também, as fontes de água e de lugares com peixes e ambiente de entorno. Precisamos cuidar além disso, dos animais silvestres tais como pássaros, mamíferos, anfíbios, répteis, abelhas (pulverizar mais à tarde antes do sol se pôr, de forma a afetá-las menos). Ainda, pode-se utilizar apenas adubos menos solúveis que os convencionais, tais como nitrato ou sulfato de amônio e fosfatos naturais. Deve-se semear em curvas de nível, perpendicular ao declive do terreno, de forma a diminuir os impactos e efeitos da erosão pluvial e praticar a adubação verde, deixando uma boa palhada sobre o solo (12 toneladas de matéria seca durante o ano agrícola). E por fim, deveria-se praticar sempre quando possível, a rotação de culturas na(s) lavoura(s).

Leia nossa indicação e post “É possível chegar a perfeição do ser humano?”

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