Um estilingue de negatividade para alçar-lhe à positividade

Um estilingue de negatividade para alçar-lhe à positividade

Não vai dar certo. É melhor você desistir. Só consegue isso quem tem muita sorte. Você não é capaz. Não devaneie, isso está fora do seu alcance. Essas e tantas outras frases podem soar cabalmente realistas em meio a um mundo em que diariamente muitos travam batalhas extenuantes simplesmente para sobreviver. Nossa organização social parece muitas vezes nos impelir para maus augúrios. Se você se deixar levar pela correnteza formada por essas palavras negativas, travestidas de realismo, será como uma canoa que ruma ao precipício seguindo o fluxo das águas. Se remar contra ela, poderá escapar do fluxo que te leva ao abismo. Porém, quanto mais forte a correnteza, maior será a força demandada e em algum momento poderá fraquejar e ser tragado. Mas, e se pudemos utilizar a negatividade que nos permeia ao nosso favor como uma força propulsora?

Quem já assistiu ao consagrado filme interestelar deve se lembrar de que o personagem Cooper e o restante da tripulação da nave utilizam a gravidade do planeta Marte para ganhar velocidade e chegar mais rapidamente ao buraco de minhoca (posicionado próximo ao planeta Saturno). Utilizam também a gravidade do buraco negro Gargantua como propulsão para chegarem ao planeta de Edmund, levando em consideração a condição de escassez de combustível da nave. Nestes dois casos o princípio científico de estilingue gravitacional é utilizado. Quem conhece um pouco de astronomia se recordará do poder de um buraco negro, do qual nem a luz escapa.

Agora, vamos comparar a negatividade que nos bombardeia diariamente a um buraco negro e as nossas vidas à nave de Cooper. Podemos considerar duas situações: somos tragados para Gargantua ou escapamos dele. Quanto mais envoltos em negatividade estivermos, mais difícil será escapar dessa espiral negativa, da mesma forma que em um buraco negro, quanto mais próximos do horizonte de eventos, mais difícil será fugir de sua influência gravitacional. Se tentarmos a abordagem escapatória, podemos fazer isso queimando o máximo de combustível. Mas e se o combustível acabar? Seremos tragados da mesma forma. Falar em termos teóricos é sempre mais simples do que vivenciar os fatos. Ninguém consegue se manter forte o tempo inteiro. Haverá momentos de fraqueza e isso faz parte da jornada da vida. Mas ainda podemos, além de utilizar o nosso próprio combustível, usar uma espécie de estilingue, como o gravitacional. As mesmas palavras que nos empurram ao abismo podem nos catapultar. Para isso, tente encarar palavras e sentimentos que insistem em persuadi-lo de que não é capaz, sob as seguintes óticas: aprendizagem e subestimação.

A ótica da aprendizagem se baseia em se permitir errar e deixar de enxergar derrotas para vislumbrar aprendizagens. Se te disserem que você fracassou e que não é capaz, lembre-se que um revés após uma tentativa não faz de você um fracassado, mas um combatente experiente que conhece cada vez melhor as adversidades. As coisas poderão não sair conforme o planejado nas primeiras tentativas. Porém, ter subido alguns degraus, ainda que não esteja no topo, será melhor do que estar na base, pois já terá tomado conhecimento de parte da trajetória e isso não invalidará seus esforços, tornando-o mais apto a atingir patamares mais elevados nas próximas empreitadas.

A ótica da subestimação se baseia no seguinte: ninguém conhece (ou tem o potencial para conhecer) tão bem você quanto você mesmo. Você sabe do que é capaz e onde pode chegar. Se alguém te diz que não pode, tente provar para si mesmo e para esse alguém o quão bem você conhece a si próprio e o quão capaz você é. Acredite, é muito recompensador mostrar aos outros como a perspectiva deles está equivocada. Não encare isso como arrogância, mas como uma satisfação pessoal em provar ser capaz. Isso será positivo não apenas para você, mas também para a pessoa que duvidou de seu potencial, pois o seu êxito poderá servir de inspiração para que ela reveja sua forma de encarar as coisas e também possa fazer uso desse estilingue.

Obviamente, essas dicas só funcionarão se você agir com afinco na direção dos seus anseios. Mesmo a nave em Interestelar precisou fazer uso de algum combustível ou o estilingue gravitacional não funcionaria e ela seria tragada pelo buraco negro.

Este texto não pretende estimula-lo a recrutar negatividade sob o pretexto de utilizá-la como energia propulsora. É apenas uma sugestão de como dar um propósito mais útil à negatividade que inevitavelmente, em maior ou menor escala, nos rodeia. Nem sempre será possível evitar palavras e emoções negativas, sejam elas de procedência externa ou interna. O importante é encararmos as adversidades não como uma força gravitacional que nos lança ao fundo do buraco mas como um estilingue que nos faz rumar ao alto da escadaria.

Leia nossa indicação e post “É possível chegar a perfeição do ser humano?”

Siga nosso insta @PensarBemViverBem




Deixe seu comentário