Nascemos de uma mulher, em seu corpo nossa primeira morada, em seu leite nosso primeiro alimento, a voz feminina embala as primeiras experiências de qualquer existência, sua delicadeza e sua força nos dão a primeira noção de mundo, de humanidade e de toque.
Apesar dessa recepção potencialmente forte e feminina, a mulher é considerada mundialmente o sexo frágil e sobre ela recaí títulos e rótulos de fraqueza.
Entre os animais costuma ser assim também, enquanto a fêmea cuida da prole e da caça, eis que surge o rei das selvas, impassível com sua juba magnifica, espreguiçando-se na relva.
São as concessões da natureza dando lugar e razão de ser para a figura masculina, que traz poder e força nessa relação que se pretende harmoniosa.
Apesar das rápidas mudanças que o mundo sofre e a ascensão da mulher, apesar das muitas bandeiras que esse “sexo frágil” levanta com toda sua habilidade e coragem, requisitos de quem faz a parte mais dura da relação, ainda não há equidade na relação homem e mulher, a luta é continua, diária e necessária.
Em meio a essa caminhada de lutas e descobertas, onde a doadora da vida vai buscando seu lugar no mundo, dividindo a história com o parceiro que também cresce, legitimando a caminhada da evolução, envelhecemos e nos transformamos. Não somos mais tempestades, olhamos o mundo com calma, a finitude se mostra mais próxima, a eternidade fica para a história que escrevemos dia a dia.
A mulher, criatura intuitiva, que observa mais e melhor os movimentos da vida, envelhece dando voz a sua história. Mantém o abraço e o laço, mãos ocupadas, reflexões e conexões. O palco da vida lhe permite o protagonismo permanente. Dividir é algo que ela faz até com o corpo.
Já o homem envelhece de forma diferente, alguns nem envelhecem. Seguem apenas mudando rotinas para adaptar-se ao momento.
Enfrentamento e entrega, a natureza parece tê-los feito assim, um pouco os donos do tempo. E apesar das mudanças que estão a construir um homem mais sensível e fraterno, homens e mulheres veem o mundo por óticas muito diferentes e é natural que seja assim, para a harmonia e completude da dupla.
Estranhamentos e muitos pontos cegos estão em nossos trajetos, somos sapientes e dementes o tempo todo, transitamos entre o caos e a perfeição e evoluímos como aprendizes, cada um no seu tempo, cada qual do seu jeito.
O vento que derruba as folhas e as flores das árvores, está se livrando dos excessos, permitindo leveza para planta. O tempo que branqueia nossos cabelos, que derruba a beleza do corpo e mostra nossa fragilidade, está exibindo nossa essência, que é bela e frágil, mas que tem uma força gigantesca.
Mariângela Carvalheiro
Psicopedagoga e Graduanda em Gerontologia
mariangelamsc@gmail.com
51. 981314414
Leia nossa indicação e post “É possível chegar a perfeição do ser humano?”
Siga nosso insta @PensarBemViverBem