Sugestões de atividades terapêuticas para crianças com ansiedade?

Sugestões de atividades terapêuticas para crianças com ansiedade?

Conteúdo voltado aos leitores psicólogos ou pais que tenham filhos em tal situação e tenham interesse sobre o assunto.

Se imagine atendendo pela primeira vez um menino de 5 anos que chega no seu consultório com diagnóstico de Ansiedade. O que fazer? Por onde começar? Quais atividades lúdicas poderiam ser trabalhadas?

Esses questionamentos apareceram em um grupo de Psicologia no Facebook. Fiz uma compilação de algumas sugestões e divido aqui com vocês, colegas PSIs.

POR ONDE COMEÇAR COM UMA CRIANÇA COM ANSIEDADE?

O primeiro ponto a ser avaliado é o diagnóstico em si. Precisamos estar atentos a qual profissional diagnosticou essa criança e as queixas apresentadas pela família e/ou escola.

Em seguida, é necessário que nós PSIs relembremos que independente da proposta clínica, uma criança ansiosa inicialmente responde de forma padrão aos estímulos terapêuticos. Portanto as técnicas que serão implementadas servirão principalmente para que a criança se expresse, e só a partir daí nós iremos analisar, interpretar e intervir.

AS ENTREVISTAS INICIAIS DE UMA CRIANÇA COM ANSIEDADE

Outro fator fundamental é que para além das atividades terapêuticas, nós precisamos apurar a nossa escuta e nossa atenção a expressividade do brincar daquele pequeno paciente.

Portanto as entrevistas iniciais serão fundamentais, nelas iremos conhecer a criança e a sua dinâmica familiar. Questionamentos como estes precisam ser respondidos:

  • Quais são as características do pais/cuidadores?
  • Estes também são ansiosos?
  • Qual é o nível de autoritarismo e controle sobre essa criança?
  • Como é o dia a dia da família?
  • Quais são as atividades diárias do paciente?
  • A demanda é de fato da criança ou dos pais?

SUGESTÕES DE ATIVIDADES E RECURSOS

Seja qual for a atividade, lembre-se de trazer a criança para o momento presente, tenha paciência e converse muito. Segue algumas dicas de possíveis atividades:

    • Caixas lúdicas: coloque brinquedos diversos dentro de uma ou mais caixas. Separe os brinquedos de acordo com a demanda e interesse da criança, e em cada sessão apresente uma caixa. Interaja verificando como o paciente lida com os estímulos apresentados.
    • Brinquedo próprio: peça a criança para trazer um brinquedo que goste bastante. Tente entender porque aquele objeto é tão significativo.
    • Jogos de encaixe: com o objetivo de montar uma figura. No final podemos verificar o nível de ansiedade da criança.
    • Livros curtos: pequenas histórias em que podemos aprender uma lição pode ser uma atividade dentro do setting terapêutico.
    • Massa de modelar: é um ótimo recurso para a criança se concentrar e produzir algo que, em seguida, pode ser utilizado para contar uma história.
    • Argila: é um material super versátil, onde podemos criar uma peça de artesanato, desenhar e modelar.
    • Pinturas: pintar é uma atividade divertida e lúdica, irá exigir do paciente o exercício da criatividade com poucos recursos.
    • Caixas de areia: também conhecido como Jogo de Areia é uma técnica Jungiana onde a criança cria cenários e estabelece relacionamentos terapêuticos.
    • Jogo do rabisco de Winnicott: é uma técnica projetiva que permite analisar o pensamento da criança através de um conjunto de traços (rabiscos). Aproveitando o momento, leiam O Brincar e a Realidade, livro fundamental para quem trabalha com crianças.

  • Pintar mandalas: é uma forma simples para a criança expressar suas emoções, relaxar e focar.
  • Baú dos segredos: é só confeccionar uma caixa junto com a criança e discutir o que ela quer colocar dentro. A idéia é que esses “segredos” se tornem “tesouros” no processo terapêutico.
  • Música: utilizar músicas que a criança goste pode se tornar um forma de aproximação entre terapeuta e paciente.
  • Sair das quatro paredes: fazer uma sessão fora do consultório em locais seguros e que permitam brincar pode colaborar para que o Psicólogo tenha uma visão ampliada do caso.
  • Exercícios de respiração: técnicas de relaxamento usando a respiração são sempre bem vindas com crianças ansiosas.
  • Exercícios corporais: se for possível faça atividades que envolvam algum tipo de exercício físico leve, sempre verificando como a criança reage.
  • É normal que o paciente apresente falta de interesse em alguma atividade, nesse momento nós devemos interpretar, questionar e propor novos caminhos.

Planeje-se sempre, isso vai evitar surpresas. E não se esqueça de estudar e buscar supervisão sempre.

O fundamental é que você se conecte com sua criança interior e divirta-se também. Sempre cuidando para que a ansiedade do caso não seja a sua.

SUGESTÕES DE LEITURA:

Psicanálise de pais (Durval Checcinato)
Ludodiagnóstico (Rosa Maria Lopes Affonso)
Tudo começa em casa (D.W. Winnicott)
A Criança e o seu Mundo (D.W. Winnicott)

<Caso queira adquirir algum dos livros citados, você pode adquirir em um dos links abaixo>

P.S: Obviamente que essas reflexões não substituem o que a sua abordagem psicológica assevera a respeito do atendimento infantil. A idéia aqui é ajudar com algumas idéias e sugestões. Mantenha-se sempre atualizado essa é a minha melhor dica!

Texto AGENDA PSI

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