Uma crônica sobre stalker
Já fui stalker dela.
Pega mal falar assim, mas acho melhor começar com sinceridade.
Via ela passar pelos corredores e tinha duas certezas comigo: Ainda vou falar com ela, mas não será hoje.
E nessa os dias foram passando e ela era só o fruto da imaginação.
Acho que ela tem cara de Gabriela ou Natalia. Que gosta de açaí com banana, granola e leite ninho e coloca o feijão por cima do arroz.
E ela foi se tornando uma projeção na minha cabeça, e a verdade é que dela eu não sabia nem o nome. Real só aquele sorriso que me tira o rumo.
Esses dias vi uma de suas amigas falar com ela.
“Ei Gabi, como você está?”
Eu sabia! É Gabriela, já acertei o nome, será se já posso chamar ela pra tomar um açaí com granola e leite ninho?
Acho que não, nunca trocamos nem um bom dia.
Resolvi procurar pelas inúmeras “Gabi’s” do Instagram e lá estava ela, a Gabi Nº537.
Daí o stalker.
Deu trabalho, mas achei.
Dentre as fotos tinha uma em uma cachoeira que me chamou a atenção e foi assim nosso primeiro contato.
“Gostei da cachoeira, onde fica?”
Não muito depois veio a resposta:
“É a cachoeira da fumaça na Bahia. É linda!”
“Realmente, muito linda. A cachoeira também”
Pensei, mas resolvi ir com calma. Foram três meses só pra quebrar o gelo.
A conversa começou mais acanhada, mas aos poucos o papo foi fluindo.
Gosto da risada dela. Ela é “Hahaha”.
Eu sou mais “kkkkk”
Acho fofinho quando ela morde a língua jogando pingue-pongue. Ou como ela franzi a testa antes de uma gargalhada.
Me divirto vendo os gatos em volta dela enquanto arruma as malas. Ela vai voltar a cachoeira da fumaça.
Inclusive também preciso arrumar minhas malas.
Esse ano, vou com ela.