Reflexões sobre a Ética e a Moral

Reflexões sobre a Ética e a Moral

Na história das sociedades um dos principais questionamentos existentes diz respeito à conduta ética do cidadão. Este ponto tem permeado a existência humana há muito e tem sido essencial para o desenvolvimento das relações sociais.

Mesmo em critérios éticos universais, os hábitos e costumes de determinadas sociedades impactam na evolução de processos éticos que são fundamentais para os seres humanos. A questão da justiça e suas diretrizes gerais que abarcam os seres humanos, o entendimento sobre a liberdade e como ser autônomo é relevante para a expansão da espécie, e o debate sobre a vida humana são entendidos como conceitos universais que, tamanha a expressividade e importância social, entram na reflexão do debate ético.

Dentro deste contexto, também devemos elencar como características essenciais para a formação e base da conjuntura social o entendimento da moral, onde alguns conceitos e particularidades singulares são entendidos como corretos e adequados e são estabelecidos e delineados para o bom convívio social.

De um ponto de vista mais amplo e geral, podemos entender que a ética questiona a moral, utilizando-se, para tanto, de seus respectivos valores universais como forma de análise de todo o contexto, sendo de essencial importância para a vida como um todo. A moral, por ser influenciada e impactada por valores externos, está relacionada diretamente à cultura de um determinado povo, a uma construção social, sofrendo influência direta dessa respectiva cultura e processo social.

Diante deste ponto, é essencial dizer que a cultura brasileira influenciou e influencia a formação do povo, que trata a corrupção (e mais recentemente a Pós-verdade) como algo comum e normal, não dando a devida consideração ao tema. Trata-se de um desvio moral e problemático entendido pela maioria como normal e como se estivesse dentro do padrão correto. Para usar a frase caracterizada por Calvin na tira apresentada, “Todo mundo trapaceia uma vez. As pessoas burlam as regras e acham que podem se dar bem”.

A lógica por trás da frase é digna de reflexão profunda, já que, no contexto aplicado, a quebra das regras está sendo realizada porque todos fazem e o fazem por que vão se dar bem. No contexto brasileiro, a verdade é que essa trapaça, ao que parece, não ocorre pura e simplesmente uma única vez, mas sim de forma rotineira.

Como já apontado, a corrupção é um problema grave no Brasil e está enraizada no contexto político e em diversas outras ações na esfera social. Corrupto é o político, mas tão corrupto quanto são todos aqueles que fazem parte do processo social e que logram o sistema de alguma forma para se dar bem. O filósofo Platão, discípulo de Sócrates, diz que o “projeto” de uma República ideal envolve um projeto ético-político-educativo. Isso deveria ser inato na sociedade, ou seja, todos deveriam atuar com base em um princípio ético e executando ações morais que deveriam ser entendidas como base para tudo.

A moral, que normalmente está relacionada a cultura de um povo, do ponto de vista do contexto brasileiro, acaba, dessa forma, inexistindo. No Brasil parece haver um processo de involução que aparentemente tem levado a sociedade a questionar se a adoção de atitudes honestas e corretas são de fato essenciais para a formação do caráter e para a sobrevivência de um povo, quando, na verdade, o que deveria estar em debate é a manutenção e elevação de valores morais, valores éticos universais dentro dessa mesma sociedade.

O debate das conjunturas éticas e morais em terras brasileiras, assim, tem se enraizado em uma esfera sombria, irregular e que não só não aclara os contextos basilares do certo ou errado ou do justo ou injusto, onde há uma intensa afronta aos seguimento das regras, mesmo por parte das figuras públicas que deveriam protege-las e utilizá-las como exemplo para a sociedade, como a manipula de forma constante. Tal processo representa o risco inerente do “todos trapaceiam uma vez”. Assim, de forma simples e objetiva e até despretensiosa, o que vale é a máxima da afirmação contundente da tira que traz a premissa “no mundo real, às pessoas interessa o êxito, não os princípios”.

A última frase acima, intensa e sombria, reflete um paradoxo que vem se expandido de forma significativa, isto é, a evolução da involução social, e deveria nos levar a uma ampla reflexão educacional, social, política e econômica etc.

Ética e moral não deveriam ser entendidas como questões utópicas, dentro da atual realidade. A ideia de virtude, honestidade e o conceito de retidão deveriam ser premissas universais para todos os homens, sejam eles políticos ou não.

Valores não são dados. Precisam ser construídos. A ética deve nos proporcionar o que um dos mais brilhantes filósofos da história, o alemão Immanuel Kant, denominou de “ideais regulativos”. Enquanto coletividade, precisamos lutar para colocar esses valores em pratica.

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