“O homem é o lobo do homem”
Thomas Hobbes nasceu em Westport, na Inglaterra. No período da revolução liberal inglesa, apoiou o rei Carlos I, que acabou derrotado e decapitado, o que obrigou o filósofo a exilar-se na França, onde entrou em contato com a filosofia de Descartes.
O pensamento de Hobbes foi muito influenciado pelas ideias de Bacon e Galileu. Como estes, ele abandonou as grandes pretensões metafísicas (a busca da essência do ser) e procurou investigar as causas e propriedade das coisas. Para Hobbes, a filosofia seria a ciência dos corpos, isto é, de tudo que tem existência material. Os corpos naturais seriam estudados pela filosofia da natureza; os corpos artificiais ou o Estado, pela filosofia política. E o que não é corpóreo deveria ser excluído da reflexão filosófica.
Hobbes defende que o que chamamos de bem é tão somente o que desejamos alcançar, enquanto o mal é apenas aquilo de que fugimos. Isso se explicaria pelo fato de que, no entendimento desse pensador, o valor fundamental para cada indivíduo é a conservação da vida, ou seja, a afirmação e o crescimento de si mesmo. Assim, cada pessoa sempre tenderá a considerar como bem o que lhe agrada e como mal o que lhe desagrada ou ameça.
A pergunta que pode surgir então é a seguinte: se o bem e o mal são relativos, isto é, são determinados pelos indivíduos, como será possível a convivência entre as pessoas ?
Hobbes responde essa questão nos livros Leviatã e Do cidadão, nos quais defende a necessidade de um poder absoluto que mantenha os indivíduos em sociedade e impeça que se destruam mutuamente.
O ESTADO SOBERANO DE HOBBES
Para hobbes, cada indivíduo sempre encara seu semelhante como um concorrente que precisa ser dominado. Segundo o filósofo, onde não houve o domínio de um indivíduo sobre o outro, existirá sempre uma competição intensa até que esse domínio seja alcançado. Tal tese está vinculada à concepção materialista e mecanicista da realidade proposta por Hobbes.
A consequência óbvia dessa disputa infindável entre os seres humanos em estado de natureza teria sido o surgimento de um estado de guerra e de matança permanente nas comunidades primitivas. Por isso, nas palavras de Hobbes “o homem é o lobo do próprio homem”.
Só havia uma solução para dar fim à brutalidade primitiva: a criação artificial da sociedade política, administrada pelo Estado. Para isso, os indivíduos tiveram de firmar um contrato entre si (contrato social), pelo qual cada um transferia seu poder de governar a si próprio a um terceiro – o Estado -, para que este governasse a todos, impondo ordem, segurança e direção à conturbada vida em estado de natureza.
Hobbes apresentou essas ideias primeiro em sua obra Do cidadão e depois em Leviatã. Nesta última, compara o Estado a uma criação monstruosa do ser humano, destinada a pôr fim à anarquia e ao caos das relações humanas. O nome Leviatã refere-se ao monstro bíblico citado no Livro de Jó [40-41], onde é assim descrito:
“O seu corpo é como escudos de bronze fundido […] Em volta de seus dentes está o terror […] O seu coração é duro como uma pedra, e apertado como a bigorna do ferreiro. No seu pescoço está a força, e diante dele vai a fome […] Não há poder sobre a terra que se lhe compare, pois foi feito para não ter medo de nada”.
Nas palavras de Hobbes, como ele imaginou o estabelecimento do contrato social que deu origem ao Estado (Leviatã). Para o filósofo, a única maneira que os indivíduos tinham para instituir, entre si, um poder comum era :
“[…] conferir toda a sua força e poder a um homem, ou a uma assembléia de homens, que possa reduzir suas diversas vontades, por pluralidade de votos, a uma só vontade […] transfiro meu direito de governar-me a mim mesmo a este Homem, ou a esta Assembléia de homens, com a condição de transferires a ele teu direito, autorizando de maneira semelhante todas as suas ações. Pois graças a esta autoridade que lhe é dado por cada indivíduo no Estado, é-lhe conferido o uso de tamanho poder e força que o terror assim inspirado o torna capaz de conformar as vontades de todos eles”.
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