Ícone do site Pensar Bem Viver Bem

Quem foi Santo Agostinho ?

Quem foi Santo Agostinho

“Amo o pecador, mas odeio o pecado”. 

Aureliano Agostinho nasceu em Tagaste e faleceu em Hipona, ambas cidades da província romana da Numídia, na África, e que hoje pertencem a Argélia. Agostinho teve uma vida de esbanjamento e luxúria até os 32 anos. Embora admirasse os ermitões que iam estudar as leis de Deus, ele só foi se converter no ano de 386, quando lecionava em Milão. Influenciado por Ambrósio, bispo da cidade.

O futuro santo teve uma revelação espiritual depois de ler um relato da vida de Santo Antão do Deserto. Antão era filho de ricos proprietários de terras e, como Agostinho, vivera seus primeiros anos de modo confortável e perdulário, mas, quando perdeu seus pais, decidiu doar tudo aos pobres e foi peregrinar pelo deserto, a exemplo de Jesus Cristo. Agostinho ficou tão tocado pela história que decidiu entrar para a igreja e regressar à África, onde foi ordenado padre pouco depois.

Posteriormente, deixou-se influenciar pelo maniqueísmo, doutrina persa que afirmava ser o universo dominado por dois grandes princípios opostos, o bem e o mal, em uma incessante luta entre si.

Suas obras

Em sua obra, Agostinho argumenta em favor da supremacia do espírito sobre o corpo. Para ele, a alma teria sido criada por Deus para reinar sobre o corpo, dirigindo-se para a prática do bem. O pecador, entretanto, utilizando-se do livre arbítrio costumaria inverter essa relação, fazendo o corpo assumir o governo da alma. Provocaria, com isso, a submissão do espírito à matéria, o que seria, para Agostinho, equivalente à subordinação do eterno ao transitório, da essência à aparência.

Ser livre é servir a Deus, diz o filósofo, pois o prazer de pecar é a escravidão. Ser livre é fazer o que se deve, inspirado no amor verdadeiro a Deus.

Segundo o filósofo, o ser humano que trilha a via do pecado só consegue retornar aos caminhos de Deus e da salvação mediante a combinação de seu esforço pessoal de vontade e a concessão, imprescindível, da graça divina. Sem a graça de Deus, o ser humano nada pode conseguir. Essa graça, no entanto, seria concedida apenas aos predestinados à salvação. A questão da graça, como colocada pelo filósofo, marcos profundamente o pensamento medieval cristão. E a doutrina da predestinação à salvação foi posteriormente adotada por alguns ramos da teologia protestante (Reforma Protestante).

Outro aspecto fundamental da filosofia agostiniana é o entendimento de que a vontade não é uma função específica ligada ao intelecto, conforme diziam os gregos: ela é um impulso que nos inclina, desde nosso nascimento, às paixões pecaminosas. Agostinho reiterava, assim, as palavras do apóstolo Paulo : “não faço o bem que quero, mas o mal que não quero. Ora, se faço o que não quero, não sou quem age, mas o pecado que habita em mim”. Portanto, para o filósofo medieval, a liberdade humana derivaria de uma vontade viciada que alimenta o pecado – não da razão que tende a discernir o que é bom do que é mau.

Segundo a tradição bíblica, os primeiros humanos, Adão e Eva, cometeram o pecado original ao desobedecer a ordem divina de não comer da árvore proibida, sendo, por isso expulsos do paraíso. Para Santo Agostinho, desde então a humanidade carrega a culpa de ter sucumbido à tentação e aberto as portas para o mal. Agostinha acreditava que o pecado original, foi ou um ato de estupidez seguido de orgulho e desobediência a Deus ou desde o princípio um ato de orgulho. 

Agostinho também discutiu a diferença entre fé cristão e razão, afirmando que a fé nos faz crer em coisas que nem sempre entendemos pela razão: “creio tudo o que entendo, mas nem tudo que creio também entendo. Tudo o que compreendo conheço, mas nem tudo que creio conheço”. 

Inspirando-se no profeta bíblico Isaías, dizia ser necessário crer para compreender, pois a fé ilumina os caminhos da razão, e a compreensão nos confirma a crença posteriormente. Isso significa que, para Agostinho, a fé revela verdades ao ser humano de forma direta e intuitiva. Depois vem a razão, desenvolvendo e esclarecendo aquilo que a fé já antecipou. Portanto, há para ele uma precedência da fé sobre a razão.

 

Agostinho inovou ao propor que Deus foi bondoso ao dar ao homem a escolha entre o bem e o mal. Assim, os homens bons podem se separar dos outros e merecer a felicidade eterna.

Agostinho morreu em 430, quando Hipona estava sitiada pelos vândalos, uma tribo em constante luta contra o poderio de Roma. Eles conseguiram cruzar as muralhas após seu falecimento e incendiariam quase tudo – mas a catedral e a biblioteca deixadas por Agostinho ficaram intactas.

 

Leia nossa indicação e post “Quem foi Sêneca ?”

Siga nosso insta @PensarBemViverBem




Sair da versão mobile