“Nada é permanente, exceto a mudança”.
Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio. Quando imergimos, águas novas substituem aquelas que nos banharam antes. O exemplo serviu para ilustrar a Teoria do Devir de Heráclito de Éfeso, sua tese mais famosa. Para ele, o Universo anda num eterno fluir, com cada coisa sendo e não sendo ao mesmo tempo.
Heráclito nasceu numa família aristocrata de Éfeso, cidade da península jônica, no final do século VI, a. C. Ele foi um misantropo renomado, e tinha aversão aristocrática pelas massas, a quem julgava querer apenas comida e sexo, sem querer notar a filosofia. Ele era tão desesperançado quanto à raça humana que dizem que abandonou a política para vaguear pelos campos fora de Éfeso, chegando a comer grama como uma vaca, enquanto chorava amargamente (era conhecido como o filósofo chorão).
Heráclito observava que a realidade é dinâmica e que a vida está em constante transformação. Mas, diferentemente dos milésios – que buscavam na mudança aquilo que permanece – decidiu concentrar sua reflexão sobre o que muda. Assim, o filósofo dizia que tudo flui, nada persiste nem permanece o mesmo. O ser não é mais que vir a ser.
Para Heráclito, era o logos – algo como razão ou inteligência que governava o mundo. Ele reconhecia que todos os homens possuem o logos, mas acreditava que a maioria (que chamou de adormecidos) não desenvolvia essa inteligência. Apenas os despertos utilizavam o logos de modo consciente. Onde os outros filósofos buscavam o elemento estável que sustenta o universo, Heráclito via um fluxo e uma transformação incessantes. O universo é uma dança de opostos, cada coisa se transforma em outra: “Coisas frias esquentam; as quentes esfriam. Coisas molhadas secam e as secas ficam molhadas”. Ou também, “Viver é morrer, estar acordado é dormir, ser jovem é ser velho, pois uma coisa flui adentrando a outra”.
Suas teorias só foram reveladas após sua bizarra morte. Heráclito tinha Hidropisia, procurando uma cura de sua doença, procurou os médicos, perguntando se seriam capazes de transformar uma inundação em uma seca. Os médicos não o entenderão, então, cobriu todo o seu corpo de esterco, na busca pela cura. Heráclito foi devorado, pelo seus próprios cães, que não o reconheceram.
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CONFIRA A Era Pré-Socrática Parte III: Quem foi Heráclito de Éfeso (AQUI)
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