Quanto mais usar seu cérebro melhor será para você

Quanto mais usar seu cérebro melhor será para você

Quem diria, seu cérebro ganha de longe de qualquer computador. Sua máquina pessoal interna é portátil; faz muito mais com menos energia (funciona com uma potência de uns 22 Watts, menos do que opera uma lâmpada de abajur, contra 100 a 200 W para um desktop); reconhece facilmente padrões em imagens que programas elaborados ainda penam para avistar; e, melhor de tudo, somente o seu cérebro se adapta ao uso que faz dele mesmo, ficando cada vez melhor e mais ajustado ao que faz. Seu cérebro, graças à plasticidade que mantém ao longo da vida, se torna cada vez mais “seu”, cada vez mais personalizado.

O ESTUDO

As primeiras evidências de que mesmo o cérebro adulto é capaz de se modificar conforme é usado – ou seja, ainda é plástico, moldável como o material – vieram nos anos 1980. O neurocientista americano Michael Merzenich mostrou que, em macacos que precisavam usar a ponta dos dedos mais longos para tocar um disco giratório e ganhar comida, a representação no córtex cerebral desses dedos, e somente deles, expandia, conforme cada vez mais neurônios codificavam a informação que vinha dos dedos. Com isso, as pontas desses dedos se tornavam mais sensíveis, capazes de discriminar detalhes cada vez menores.

Na década seguinte, quando a ressonância magnética funcional começou a revelar a atividade de regiões diferentes do cérebro de pessoas acordadas sem que fosse preciso abrir sua cabeça para inserir eletrodos, como nos macacos de Merzenich, descobriu-se que o mesmo também acontecia em humanos que usavam maciça e preferencialmente somente alguns dedos: violinistas profissionais, cuja atividade depende da habilidade de posicionar ágil e precisamente os dedos da mão esquerda. Estudos mostraram que a representação cortical destes, e somente destes dedos, fica aumentada no córtex somestésico (quer dizer, tátil e proprioceptivo) correspondente. E quanto mais tempo os músicos tivessem de prática, maior era a representação cortical dos seus dedos da mão esquerda, e maior sua sensibilidade.

Quanto mais usar seu cérebro melhor será para você

 

Logo se descobriu que o princípio não se aplica apenas à sensibilidade sensorial. Em um dos estudos que fizeram história na área, a inglesa Eleanor Maguire e seus colegas mostraram que quanto mais experiência têm os taxistas londrinos navegando (sempre de cor) pela cidade, maior fica a porção de seu hipocampo que representa a memória espacial.

Mas tudo isso parece ser resultado de uso altamente especializado, intenso e profissional de habilidades do cérebro. E com os outros de nós, reles mortais, que usamos nossos dedos para fazer coisas mais mundanas e menos poéticas ou desafiadoras, como por exemplo… digitar no celular?

Pesquisadores na Suíça e no Reino Unido resolveram abordar exatamente essa questão, aproveitando-se do registro de uso que todo smartphone leva em si, e do fato de que ainda há neste mundo (e talvez não por muito mais tempo) usuários de telefones que são, bem, apenas telefones. E, usando eletroencefalografia para mapear o local e a intensidade da ativação no córtex cerebral em resposta a toques nos dedos, descobriram que, de fato, a ativação era maior para o polegar, dedo médio e indicador dos usuários de smartphones do que nos usuários de outros telefones.

E quanto mais intenso, e quanto mais recente, houvesse sido o uso do smartphone nos dez dias anteriores, maior era a ativação da representação cortical do polegar. Quem diria, usar seu smartphone muda o s eu cérebro – e, só nos resta inferir, de um jeito que torna esse uso cada vez mais fácil e proficiente.

 

Via Mente Cérebro

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