Somos realmente muito vidrados na verdade. A verdade já foi razão principal de muitas discussões e no passado, objeto principal de estudo de alguns filósofos.
A verdade também está diretamente ligada à justiça. Para se fazer justiça, precisamos da verdade. No campo amoroso, a verdade é primordial para que haja confiança (a base de todo bom relacionamento).
Mas posso dizer, sem estar sendo leviana, que verdades não são de verdade. Simplesmente porque verdades podem ser apenas um ponto de vista. A verdade, dependendo do ângulo em que for vista, ela terá uma interpretação diferente. Com isso, em determinados casos a verdade não é absoluta, mas sim relativa. Somos pré programados a seguir um padrão com uma concepção já definida da verdade, mas fato é que ninguém conhece a verdade absoluta do universo e cada um vê o mundo da sua maneira, de acordo com a realidade em que vive. Por isso, a verdade pode ser relativa.
Nem sempre ao ser verdadeiro com alguém estimula a outra pessoa que seja o mesmo com você. E isto é natural, pois nem todos conseguem ser verdadeiros o tempo todo. A exemplo das redes sociais: quanta mentira em torno da aparência, de mostrar uma vida perfeita, sucesso no trabalho entre outras coisas que existem dentro de uma rede social e no entanto todos continuam assistindo e acompanhando a vida supostamente perfeita do outro. Como dizia a música do nosso ilustre cantor e compositor Cazuza “mentiras sinceras me interessam”.
Mas veja, procurar o lado da verdade e da sinceridade ainda incomoda muita gente. Quando você diz uma verdade (pelo menos sob seu ponto de vista), corre o risco de alguém se ofender ou se doer com o que você disse, mesmo não dizendo diretamente à ela. Provavelmente suas palavras a levaram à uma reflexão em que ela não gostaria de se deparar, pois ao contrário, se sua verdade não estivesse condizente com a realidade, a pessoa certamente não iria se importar com o que foi dito.
Então quando ser sincero pode causar uma dor, um desconforto na relação, talvez seja melhor apenas observar e deixar que o outro siga com suas próprias verdades, porque para José Saramago e eu concordo com ele, “o trabalho de convecer é uma falta de respeito, é uma tentativa de colonização do outro”. E o direto de pensar livremente e ter suas próprias opiniões não deve ser tirado de ninguém. Precisamos reaprender a discordar de forma respeitosa, especialmente nesse ano eleitoral. Vamos lembrar sempre de que a minha verdade nem sempre condiz com a verdade do outro, e tudo bem por isso.
