Qual seu uniforme?

Qual seu uniforme?

Eu sou um tipo de escritor diferente. Existe aquele que passa a mensagem de forma tradicional, em textos de formato jornalístico ou em um formato que é pesadelo para os estudantes do ensino médio devido a repetitividade do exercício: O artigo de opinião. Eu proponho um texto mais pessoal. Quem acompanha meu trabalho sabe algumas coisas sobre mim: Que sou introvertido, sou grande apreciador da solitude, tenho grande conexão com a música, a poesia, e até mesmo exponho minhas principais referências em que os assuntos são baseados. Sem textos vazios, nada “por fazer”. A escrita me ajuda a firmar o estudo e a desenvolver ideias. As poesias encontradas neste site – caso esteja lendo em outra plataforma, o site referido é “http://meprovocando.com” – são de cunho pessoal. Revelam parte da minha história, dos meus momentos. E hoje não seria diferente. Saberá quem é meu estilista favorito; o americano Thom Browne (foto), nascido em 1965 em Allentown, Pensilvânia.

O amor pela filha moda vem do meu casamento eterno com a arte. Na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, até que a morte nos separe. O mundo fashion é também um mundo de criatividade, de vislumbre reflexivo, exuberante, forte, agressivo, suave e passível de infinitas interpretações. Como diz Leandro Karnal, e também concordaria Schopenhaur: “A arte é o que nos faz pensar”. E eu não poderia concordar o suficiente. Até mesmo a simplicidade nos detalhes das peças de Thom me fazem indagar: “Como isso pode ser tão simples e ainda sim, me provocar tanto fascínio? Como eu não fui capaz de pensar nisso antes!” Nossa cabeça é boa em pensar o óbvio e o simples, mas não é capaz de pensar todos os óbvios e todos os simples.

Thom cria estupendos cruzamentos entre ternos clássicos e liberdade criativa com detalhes minimalistas, em sua maioria. Traz um novo olhar para o antigo, e nos faz capaz de ver que nem sempre o tradicional precisa morrer em sua tradição. A peça de designer vence o comodismo da peça de lojas populares que pensam no homem comum e no anseio de feri-lo com detalhes e cortes diferenciados. Medo que não venda porque não serve para o trabalho no escritório. A moda comum muda com a cultura, em passos de tartaruga, mas os designers pensam em destaque; O mundo “fashion” corre depressa e não tem forma. O Fashion é um grito de expressão e o instrumento é o corpo, o tecido, as cores e cortes. Thom opta pela tradicional e o contorce elegantemente para criar destaque e, tudo isso, sem perder a essência.

Já que trouxe um dos pesadelos dos estudantes de ensino médio, o artigo de opinião, vamos citar um segundo pesadelo: O uniforme. Thom Browne é centrado na ideia de uniformismo. Nas palavras dele: “Eu penso que para mim, a ideia de uniforme é mais para que as pessoas reflitam no que é melhor para elas, e para terem a confiança de que isso não precise mudar. / Usar o uniforme no colégio me libertava de pensar em roupas.” Uniforme lhe trás uma identidade e é uma representação de um papel. Thom cria uniformes; roupas que te trariam confiança para usá-las cotidianamente e uma identidade, que no caso, traria o nome da marca dele. Porém, existe algo a se pensar em relação ao que vestimentos e suas marcas. Por Napoleão Bonaparte: “Somos o homem do uniforme que usamos”. Isto é, ao admirarmos uma marca, empresa, e nos apegamos a ela, temos nossa própria identidade, ou nos tornamos a marca estampada na camisa? É claro que Thom pode usar roupas da própria empresa, que por acaso leva seu nome. Isso só faz dele… ele mesmo. Todos os dias. Mas qual seria sua intenção por trás de seu discurso do uniforme? O que ele quer que todos aqueles que os vestem representem? Gostaria ele que fossemos todos bem vestidos porque ele confia na sua costura, ou gostaria ele que todos nós fossemos como ele? Você é a marca que está vestindo, ou apenas está servindo como um outdoor com pernas?

Sabemos que as marcas de mais alto custo são falsificadas. E se são falsificadas em enorme quantidade, é porque vendem. A representatividade que uma marca cara traz, principalmente em uma comunidade mais pobre, é de alguém com destaque ou de alguém que deseja inclusão em um meio, a todo custo, até mesmo fechar os olhos para a falsificação e entendê-las cegamente como originais. O destaque acontece quase sempre atiçando a inveja alheia, elevando o sujeito a um patamar ilusório de grandeza. Se algo deu errado é porque foi invejado, “olho gordo”, “mal olhado”, a culpa não foi minha. A inclusão é para que se sinta parte daquele grupo que usa a marca, para que, através da estampa, aconteça um acolhimento humano e um alcance do ideal imposto por cantores, famosos e modelos; Um marketing existencial ostentativo que rebaixa o indivíduo, esmagando-o com correntes de ouro e depois levantando-o para que passe a desejar as correntes, apenas para esmagar outros em seguida. A ostentação cria outros ostentadores, presos em uma perseguição material. Competições entre os integrantes do grupo são feitas, inconscientemente, baseada na estética, na aparência, em quem pagou mais. Os valores são outros.

Não interessa nada. Thom Browne faz roupas maravilhosas e ponto final. Eu gosto muito.

fonte: meprovocando.com

insta: greg_pontes

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