Chegou no Brasil, no mês de Julho(2019), a atualização do Instagram que impede que vejamos a quantidade de likes que uma pessoa recebeu na foto. Creio que o conhecimento da psicologia pode nortear nossa forma de pensar sobre todo esse assunto, visto que ele diz muito sobre comportamento humano. Afinal, o fim dos likes irá ser benéfico à nós?
Há os favoráveis à ação, alegando que isso irá diminuir a competição entre as pessoas, estimulará aqueles que se inibem por medo da reprovação. Há os que acreditam que ver os likes ou não, não muda de fato os problemas pessoais que as pessoas têm. Likes não seriam responsáveis por todo o contexto de sofrimento de alguém.
Quando se trata do comportamento e subjetividade humanas, parece ficar difícil abranger todos os aspectos né? Por isso, vim trazer uma visão generalizada sobre como o estudo da psicologia pode buscar compreender o fenômeno dos likes e quais reflexões podem nascer desse olhar. Lembrando que, cada caso é um, então trago aqui uma visão mais ampla possível.
De maneira geral, o que significa receber um like em uma foto ou conteúdo postado? O like atribui uma reação positiva do outro mediante uma expressão minha. Ou seja, pode ir ao encontro das necessidade de afeto, empatia, proteção, validação, compreensão, aceitação social. Ao olharmos sob esse prisma, seria errado ficarmos felizes quando recebemos likes? Não! Se sentir bem representa que as nossas necessidades estão sendo atendidas. E até aí corresponde a uma forma saudável de interagir com o mundo.
Jeffrey Young (1990), teórico da psicologia descreveu que o ser humano apresenta necessidades emocionais básicas que precisam ser satisfeitas para um desenvolvimento psíquico saudável. Ele engloba essas necessidades em 5 domínios, a saber: vínculo seguro com outros indivíduos, percepção de competência e autonomia, limites realistas em relação aos outros e ao ambiente, orientação em relação às suas próprias necessidades e liberdade de expressão autêntica de emoções e sentimentos.
Quando suprida adequadamente durante a fase de desenvolvimento infantil, o adulto consegue se sentir bem e satisfeito a maior parte do tempo, com sensação de proteção, estabilidade e cuidados internalizados, senso de capacidade e independência, responsabilidade consigo e também com o outro. Por outro lado, crianças que não foram supridas nas suas carências básicas tendem a ter mais dificuldade de estabelecer esse equilíbrio na relação consigo e com o mundo, ocasionando o desenvolvimento dos sintomas de transtornos mentais ao longo da vida.
Os likes então podem ser saudáveis? Sim! Saia um pouco do mundo virtual e venha para a realidade. Não é mesmo muito bom nos sentirmos compreendidos quando estamos expressando uma ideia? E que tal recebermos elogio? Apesar de algumas pessoas ficarem constrangidas, a verdade é que receber uma afirmação positiva a nosso respeito faz um bem danado! É por isso que nós, psicólogos, estimulamos relacionamentos de troca e afeição. São importantes e saudáveis.
Então, cuidado com as pessoas que zombam e falam por aí: não ligue para likes. Fica parecendo que é errado sentir bem ou mal diante de likes ou não. Esquece esse paradigma de certo e errado. Se você é afetado por likes olhe para isso como uma forma de se conhecer. Olhe mais profundamente agora…Parece haver uma dependência disso aí no seu mundo interno? Ou seja, se você não receber tantos likes você fica mal? Ou, para se sentir bem, você parece precisar dos likes? Talvez caiba aí uma reflexão aberta e honesta de você com você mesmo: tem aí uma necessidade emocional não satisfeita em você. De onde vem isso? Você já se sentiu assim outras vezes? Quais as formas que você pode se atender além dos likes?
Antes de se julgar, entenda essa relação com os likes como a ponta de um iceberg… tem coisa aí embaixo que precisa ser vista. E, quando detectada, fica bem mais fácil de saber os caminhos necessários para você reparar. Talvez, você esteja achando que é só através dos likes que você será satisfeito. E eu quero te dizer aqui hoje que não! Porque os likes podem trazer satisfação a curto prazo, mas por ser um movimento superficial e virtual, não preenche direito aquilo que precisamos, entende? Os movimentos de internet são rápidos e passageiros. Amanhã já tem um milhão de novos conteúdos e parece que você já ficou esquecido no meio de tanta coisa.
Talvez você esteja mesmo precisando ligar para aquele amigo, companheiro e assentar com ele, olhar no olho. Ou uma conversa franca com seus pais…ou então, quem sabe você pode ser a sua companhia e aprovação? Existe também um acolhimento seguro num consultório terapêutico… Os estudos cada vez mais demonstram que uma reparação emocional ocorre com o olho no olho, toque, conexão..Não tem nada de errado com a internet, mas há outros meios de você buscar sua satisfação emocional. Meu conselho pra você hoje: Vai lá, experimenta e depois me conta?!
Fonte: Vittude
Leia nossa indicação e post “É possível chegar a perfeição do ser humano?”
Siga nosso insta @PensarBemViverBem