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Preconceito: Ninguém nasce preconceituoso

Na Coluna da Vida, a escritora aborda o assunto polêmico sobre preconceito, crianças e sonhos para um futuro próximo.

Sobre preconceito que vira discriminação, por Vida Erin Zurich:

Alguns dias atrás meu primo, que só conheci quando ele tinha 6 anos e hoje possui 9, me perguntou: “Vida, você é filha ou é adotada?”. Na ocasião, o deixei sem resposta, apenas um ensinamento de que a pergunta dele estava errada, já que, na concepção dele, se a pessoa for adotada, não é filha.

Dias mais tarde, ele me disse que era impossível minha mãe ser de fato minha mãe se eu tenho cabelos cor de laranja e minha mãe cabelos escuros. Novamente, expliquei a ele que isso é irrelevante. Não é minha função ensiná-lo, mas, é meu dever como ser humano que sou, dar o bom exemplo.

Após uma semana, meu outro primo, seu irmão que possui 11 anos proferiu: sua mãe é muito velha para ter filhos. Minha mãe, que não me gerou no útero, possui apenas 43 anos, e a mãe deles, que é irmã da minha mãe, possui 42.

Todos os dias, os pensamentos das crianças são reforçados a partir de seu entorno, e, como eu sei que essas ideias preconceituosas deles não vieram da minha tia, presumo que tenha vindo da escola na qual estudam, de ensino privado e cristã.

É nossa missão, na qualidade de seres humanos, ensinarmos valores bons às crianças. Sem preconceito, que mais tarde poderá se tornar discriminação. Meus primos ainda não entendem muitas coisas, mas, a partir dessas conversas, aproveito o ensejo para desconstruir a cortina de ferro criada pelo ensino mal dado na escola que estudam.

Não importa o quão caro ou barato se pague uma escola, se o ensino é dado de maneira retrógrada e equivocada, o melhor é contar com o ensino público, que os tira da bolha e os coloca no mundo real, onde mães pretas têm filhos brancos, mães brancas têm filhos pretos, mulheres podem ser mães na idade que quiserem e que não importa o laço que une uma família, se é sanguíneo ou afetivo, pois uma coisa não anula a outra.

Minha torcida é que, quando eles crescerem, tenham sensibilidade, sabedoria e que sejam livres de preconceito. Que se inspirem em grandes lutadores dos nossos direitos, e que sejam influenciadores do bem. Sempre acreditei que eles seriam minha esperança de dias melhores, conto com isso com cada átomo que vive em mim.

Lucas e Matheus, quando forem adolescentes e lerem isso, lembrem sempre do amor com que vocês estão sendo criados por sua mãe, das nossas longas horas de jogo e de toda semente boa plantada em seus corações. Eu os amo como se fossem o alicerce da minha própria vida.

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