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Por que eu me saboto? 

A autossabotagem é vista como um comportamento que nos afasta de atingir um objetivo específico, porém não é algo de forma consciente-intencional. Mas, por que acabamos agindo dessa forma?  Para tanto, vamos compreender, brevemente, como ocorre esse comportamento.

Comportamentos não intencionais

Os comportamentos não intencionais, estão relacionados as crenças disfuncionais que a pessoa apresenta e que são construídas e reforçadas ao longo da história de vida, ou seja, as crenças são a forma como o indivíduo se percebe, percebe o outro e o mundo e, essa maneira de percepção, funcionamento, se consolida cada vez mais no dia a dia, por meio das distorções cognitivas e comportamentos de segurança. As distorções cognitivas são vieses que todos os seres humanos têm, que fazem com que a atenção se direcione somente para os aspectos que possam confirmar nossas crenças e nos afastar daqueles que podem “quebrar” essas. Já os comportamentos de segurança são aqueles que fortalecem ainda mais as percepções das crenças

Esses comportamentos padrões, podemos compreender como hábitos e, para que haja uma mudança, nosso cérebro demanda de grande esforço, sendo que todo esforço é cansativo, mas não impossível. Então, vamos pensar: supomos que você deseja emagrecer, entrar na academia, iniciar uma dieta. Porém, na primeira oportunidade de sair da dieta ou faltar a academia, não pensa duas vezes e, come uma quantidade não esperada de alimento, gradativamente falta a academia até que para de vez de frequentar. Por fim, surge o sentimento de culpa e frustração por não seguir com as metas para alcance dos objetivos.

“ já que comi esse pedaço, vou comer mais um pouco, e deixar para malhar amanhã, o que adianta realizar exercício físico hoje?”

Possivelmente diversas crenças “negativas” que não ajudam no objetivo final, que é emagrecer, foram ativadas e devido ao grande esforço que o cérebro precisa para internalizar que o comportamento estável, de comer muito e não fazer exercícios, está em discordância com sua mudança de hábitos, a tendência dele é poupar energia, fazer o mínimo esforço possível para sua economia psíquica e você ao não saber identificar quais comportamentos e pensamentos que contribuem para não seguir com as metas, a probabilidade de autossabotagem será muito alta. Alguns pensamentos podem surgir, sem ao menos prestarmos atenção nele, por exemplo, “comerei apenas um pedaço de pizza e mais tarde eu vou para academia”, mas ao comer o pedaço de pizza, pode pensar, “ já que comi esse pedaço, vou comer mais um pouco, e deixar para malhar amanhã, o que adianta realizar exercício físico hoje?”.

Os possíveis pensamentos citados, chamamos de pensamentos automáticos disfuncionais, eles são pensamentos rápidos, involuntários, acreditamos como verdade absoluta e se apresentam em situações diária, sendo que surgem das crenças “negativas”. Por esse motivo, é de suma importância que fiquemos atentos aos pensamentos e quais comportamentos acabamos emitindo diante deles.

O que fazer para mudar?

Como sugestão, oriento que se você deseja uma mudança de hábito, ao perceber que o seu comportamento e pensamento estão indo em direção oposta ao objetivo específico, comece a anotar, se questionar e faça o que precisa ser feito mesmo sem disposição, uma vez que o nosso cérebro é condicionado ao que praticamos diariamente, ele precisa de constância e disciplina para internalizar que o novo comportamento é algo que se tornará o novo hábito.

Carine Silva dos Santos, psicóloga clínica, CRP 03|18447. Consultora Técnica em Psicologia, especialista em Saúde Mental, pós-graduação em Psicologia do Trânsito e da Mobilidade Humana e Orientadora Profissional e de Carreira.

BECK, Judith S. Terapia cognitivo-comportamental: teoria e prática. 3 ed, Porto Alegre: Artmed, 2021.

DUHIGG, Charles. O Poder do Hábito: Por que fazemos o que fazemos na vida e nos negócios. Tradução de Rafael Mantovani. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

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