Não é incomum que se diga que um ponto de vista representa a visão de um indivíduo. É verdade, mas o ponto de vista ajuda a construir um cenário, uma paisagem de multiplicidades ou,para usar uma expressão que eu gosto na poesia uma teia de compreensões.
O poeta gaúcho Mario Quintana (1906-1994) brinca com essa ideia do ponto de vista na obra Espelho Mágico, em um pequeno poema que diz o seguinte: “A mosca a debater-se: ‘Não, Deus não existe! Somente o acaso rege a terrena existência!’ A aranha: ‘Glória a ti, Divina Providência, que minha humilde teia essa mosca atraísse'”. A teia lá está, a mosca e a aranha encontra-se em posições absolutamente diversas de percepção, mas no mesmo lugar.
Isso define o ponto de vista.
Nós costumamos dizer, também, que “o melhor modo de apreciar o chicote é ter-lhe o cabo na mão”. Essa é uma frase da literatura até o século XIX, em que ainda havia o hábito de chicotear. A chibata como meio de disciplina, felizmente já retirada.
Por isso, é preciso prestar atenção na diversidade que o ponto de vista carrega, do lugar onde se está e qual é a intenção que ali se tem.
Texto escrito pelo…
Mario Sergio Cortella
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Mario Sergio Cortella é um filósofo, escritor, educador, palestrante e professor universitário brasileiro mais conhecido por divulgar questões sociais ligadas à filosofia na sociedade contemporânea.
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