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Pimenta-do-Reino

black pepper on the wooden spoon

A chegada da pimenta-do-reino no Pará confunde-se com a históriada imigração japonesa na Amazônia, a partir do município de Tomé-Açu, no nordeste do Estado. Foram os imigrantes nipônicos os responsáveis pelo cultivo dessa especiaria na região; pessoas que fugiram das guerras para o Brasil, atraídos pela força econômica das plantações de café, sobretudo no estado de São Paulo, nos primeiros anos do século XX. Alguns, no entanto,a partir de 1929, foram enviados à Amazônia, no intuito de trabalhar em outras lavouras agrícolas destinadas ao cultivo de hortaliças e outros produtos.

Diante da floresta ainda inexplorada, muitos desses imigrantes não resistiram ao clima e à malária. Alguns deles arrumaram as malas e voltaram ao Japão, descrentes na prosperidade financeira e, principalmente, nas peculiaridades do local. Em Tomé-Açu, naquela época, a Nantaku (Nambei Takushoku Kabushiki Kaisha) era o órgão responsável pela orientação desses imigrantes. Eles não tinham conhecimentos técnicos específicos e simplesmente eram estimulados a plantar produtos perenes.Porém, em 1933, Makinosuke Usui, coordenador de imigrantes da Nantaku, mudou esse cenário. De uma viagem rápida à Singapura, trouxe no navio 20 mudas de pimenta-do-reino.

Resolveu plantá-las em Tomé-Açu, que àquela altura ingressava numa maré de declínio com os limites para concessão gratuita de terreno de plantação, bem como da entrada de imigrantes no país. Das mudas trazidas por Usui apenas duas sobreviveram. Com o tempo, muitos japoneses foram plantando a especiaria. Nas décadas seguintes, até o fim dos anos 60, Tomé-Açu conheceu a bonança da pimenta-do-reino, agora batizada de “diamante negro” da Amazônia. Nesse período, o município tornou-se o maior produtor mundial da especiaria, como cultivo de cerca de cinco mil toneladas por ano. Abasteceu o mercadonacional, além do exterior.

Mesmo com o declínio dessa agricultura, Tomé- Açu continua hoje no alto do pódio de maior produtor de pimenta-do-reino do Brasil. O Pará foi dono de parcela considerável da exportação e nas décadas de 50 e 60 viveu o auge da plantação dessa especiaria, se tornando um polo de destaque no mundo. Apesar da decadência dessa cultura, a partir da década de 70, devido às enchentes e, sobretudo, ao ataque de pragas como a fusariose, que devastaram as plantações, a pimenta-do-reino sobreviveu até hoje orgulha os paraenses por ter alavancado a economia regional e gerado milhares de empregos e renda para pequenos produtores.

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