Desta vez vos escrevo, caros leitores, para chamar atenção a um assunto que segue velado: o sofrimento psicológico que passam as pessoas acometidas por doenças crônicas invisíveis.
Essa é uma questão pouco tratada e que deveria ser vista com mais carinho, pois as pessoas acabam sofrendo duplamente: com os sintomas da doença que possuem e com a incredulidade das pessoas para com ela.
Vou explicar melhor: A saúde é o bem mais precioso que temos e todos deveríamos estar bem de saúde para poder usufruir o melhor da vida, executar corretamente nossas tarefas diárias, ser colaborativo na sociedade e ganhar nosso próprio sustento.
Mas infelizmente, nem todos somos contemplados com uma saúde perfeita e quando nosso corpinho começa a falhar, por algum motivo alheio à nossa vontade, nossa força de trabalho também começa a falhar. A habilidade em executar tarefas diminui e isto num mundo capitalista é quase o fim!
“Se você não consegue mais engordar o bolso de dinheiro, você está fora, é praticamente descartado”
Então o número de pessoas que possuem uma doença crônica, que sofrem com dores extremas e não falam nada para não correr o risco de perder seus empregos é enorme!
Muitas dessas pessoas sofrem caladas por sofrer com o preconceito e com a indiferença da parte de familiares, amigos e colegas de trabalho. Por se tratar de doenças que não são vistas à olho nu, a pessoa passa a ser rotulada de preguiçosa, de estar fazendo corpo mole, deixando o trabalho para os outros, se fazendo de vítima; Enquanto o que ela sente é dor!
Essa imagem pré-definida e determinista em cima dessa pessoa causa-lhe um sofrimento ainda maior. Uma sensação de que tem que provar ao mundo de que não está fazendo “corpo mole” e sim está sentindo algum incômodo ou dor que atrapalha sua condição de saúde perfeita e que não é proposital. Porém muitos não acreditam e são totalmente incompreensíveis à esse respeito.
As condições limitantes que um paciente de doença crônica invisível sofre são inúmeras, mas a pior delas é o olhar de reprovação de quem está em seu lado, em seu convívio.
Posso citar aqui inúmeras doenças que causam dores limitantes e algumas vezes incapacitantes, mas que passam imperceptíveis aos olhos de outras pessoas como a endometriose, enxaqueca, labirintite, lúpus, fibromialgia, TAG, entre muitas outras.
São doenças que não afetam a aparência, mas afetam o funcionamento do corpo e dos sentidos todos os dias, provavelmente por toda vida. Fica extremamente raro o dia que esta pessoa se sente, pelo menos, em estado normal como os outros.
Então imagina! Se poucas são as pessoas que têm consciência em não parar o carro na vaga de um cadeirante, mais raro ainda será encontrar alguém que tenha empatia por um portador de doença invisível. Geralmente essas pessoas sofrem sozinhas, caladas, a fim de evitar injustiça e discriminação, então esse assunto vira tabu em suas vidas. Só conseguem apoio e compreensão com outras pessoas que passam pelo mesmo problema, o que as tornam mais vulneráveis a desenvolver problemas psicológicos por se sentirem menos capazes e de certa forma rejeitados pela sociedade. Mas na realidade, são pessoas muito fortes, que precisam se esforçar mais que os outros, pois mesmo com condições limitantes, com dores que não passam, estão lá cumprindo seus deveres tanto quanto aquele que se encontra bem e em condições normais de saúde.
Então vamos prestar mais atenção nessas pessoas, pois muitas buscam tratamento, porém o problema persiste e não conseguem encontrar a cura, pois geralmente são doenças de caráter multifatorial e de difícil cura.
Essas pessoas não merecem ser discriminadas e muito menos cair em descrédito por aqueles que nada sentem.
É importante para sua saúde física e mental que os outros acreditem neles!
Neste caso, o melhor remédio é a compreensão.