Perfeccionismo no trabalho: Ao invés de ser uma virtude pode se torna um defeito?

Perfeccionismo no trabalho: Ao invés de ser uma virtude pode se torna um  defeito?

As pessoas perfeccionistas procuram o sucesso sem descanso, apesar de nada lhes parecer suficiente. Apesar disso, sofrem com as consequências negativas do perfeccionismo.

Quase tudo lhes provoca insatisfação, porque o seu nível de exigência é excessivo e, inclusive, ilusório, já que elas pensam que sempre poderiam fazer melhor. Por isso, não cumprir com cada um dos objetivos propostos acaba gerando altos níveis de estresse e esgotamento.

“Acho que o perfeccionismo está baseado na crença obsessiva de que, se você correr com suficiente cuidado, pisando em cada degrau perfeitamente, não terá que morrer. O certo é que você vai morrer de qualquer jeito, e muitas pessoas que nem sequer olham seus pés vão fazer isso muito melhor do que você e vão se sentir ótimas enquanto fazem isso”.
Frase do pensador Anne Lamott.

O verdadeiro problema das pessoas perfeccionistas é que tanto os acertos quanto as falhas não são avaliados com objetividade, mas como um fracasso pessoal.

O perfeccionismo é uma daquelas características que são tratadas com alguma condescendência, poderíamos até dizer com admiração. No entanto, em muitas ocasiões, os perfeccionistas se tornam escravos de sua própria ânsia de acabar com erros ou deficiências.
O perfeccionismo no trabalho costuma ser considerado uma virtude. De fato, muitas pessoas mencionam essa habilidade quando fazem uma entrevista de emprego. No entanto, essa atitude que busca o controle de cada pequeno detalhe e excelência pode ser considerada um defeito.
Quando um perfeccionista começa a trabalhar, podemos ver como essa habilidade tem mais aspectos negativos do que positivos. É comum, por exemplo, que ele tenha dificuldade para cumprir prazos.

O artigo Dependência do Trabalho: quando o trabalho se torna um vício trata o perfeccionismo como um vício psicológico, e afirma: “o medo do fracasso impõe um controle rigoroso, alto nível de exigência e intolerância a erros”.

Por isso, hoje descobriremos o que realmente significa ser perfeccionista.

O perfeccionismo no trabalho causa problemas de saúde

Um aspecto importante dos trabalhadores perfeccionistas é que eles acabam sofrendo de problemas de saúde. Entre eles, são comuns a ansiedade e o estresse, mas existem muitos outros:

Dificuldades para delegar o trabalho, o que se traduz em uma carga maior de responsabilidades uma necessidade de mais horas para cumpri-las.
Incapacidade de resolver os problemas de maneira mais efetiva devido à falta de clareza mental provocada por essa carga de trabalho excessiva.
Maiores esforços para interagir com os outros, uma vez que o trabalho ocupa 100% do tempo do perfeccionista, o que reduz as suas habilidades sociais.
Intolerância a erros: a pessoa revisa cada detalhe repetidamente para que tudo fique perfeito (embora isso seja impossível).
Estes são alguns dos problemas que podem derivar do perfeccionismo. A sobrecarga de trabalho, a incapacidade de delegar e não ter tempo para interagir com outras pessoas são algumas das razões pelas quais o estresse e a ansiedade podem aparecer.

Além disso, devemos acrescentar a essas emoções a dificuldade de aproveitar o tempo livre, pois o trabalho está sempre na mente dessas pessoas.

Como resultado, elas podem experimentar impaciência, irritabilidade e até uma notável falta de atenção às suas próprias necessidades, como indica o artigo acima sobre dependência do trabalho.

Os perfeccionistas reduzem suas horas de sono, se esquecem do exercício físico e até mesmo de cuidar da sua alimentação.

Depressão devido ao excesso de controle

Como descreve o artigo ‘Estilo de personalidade perfeccionista e a depressão’, “o perfeccionismo extremo pode levar a indecisões ou padrões de comportamento muito rígidos ou controladores […] que podem levar à depressão e aliar-se a ela”.

Embora o perfeccionismo no trabalho esteja vinculado a pessoas que têm objetivos ambiciosos, que desejam melhorar e não se importam de fazer horas extras, acaba envolvendo comportamentos prejudiciais.

A intolerância aos erros pode causar problemas de autoestima, enquanto uma exigência exagerada pode levar à depressão.

Não tolerar o erro cria frustração. Além disso, os perfeccionistas tendem a buscar a aprovação dos outros e a opinião sobre os resultados é sempre subjetiva. Vamos dar um exemplo.

Imagine que uma pessoa é especialista na fabricação e colocação de portas de madeira. Ela faz isso há muitos anos, é perfeccionista, se concentra em cada detalhe e não cumpre o prazo combinado porque quer garantir que a porta esteja perfeita. No entanto, alguém pode não gostar do resultado. Então, toda essa autoexigência aumenta e muito o sentimento de inadequação.

É possível deixar de ser perfeccionista?

Talvez tenhamos chegado ao ponto mais importante: saber se é possível diminuir o perfeccionismo no trabalho para minimizar as suas consequências. A verdade é que isso pode ser feito, mas é preciso procurar ajuda e, acima de tudo, estar consciente de que este é um problema, uma limitação.

Quando uma pessoa é perfeccionista e sofre as consequências desse comportamento, o primeiro passo é buscar ajuda profissional. O psicólogo será responsável por projetar uma intervenção, que em muitos casos se concentrará nos problemas de autoestima que podem estar perpetuando essa “obsessão”. Alguém que quer ter o controle e que busca a perfeição também costuma ser uma pessoa com baixa autoestima.

Da mesma forma, o perfeccionista pode aprender ferramentas para relaxar, reduzindo o desgaste e a ansiedade nas áreas em que essa característica se manifesta com mais força. Com paciência e trabalho duro, um perfeccionista pode deixar de sofrer as suas consequências.

Você se considera um perfeccionista? Em caso afirmativo, que problemas isso lhe causou?

“O perfeccionista sofre toda vez que comete um erro”.
Frase do pensador Anônimo

Uma vez que você aceita que não é perfeito, desenvolve uma certa confiança. As imperfeições de uma pessoa, suas fragilidades, suas faltas, são tão importantes quanto as suas virtudes”.
Frase de Rosalynn Carter.

Como vemos, o perfeccionismo não é uma busca do que é melhor. É perseguir o pior de nós, a parte que nos diz que nada do que fizermos será bom o bastante ou suficiente. Não há problema em exigir de si mesmo, mas sempre dentro de limites saudáveis.

Leia nossa indicação e post “É possível chegar a perfeição do ser humano?”

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