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Para mulheres que são tarja preta

Cresci moça

menina e mulher;

nessas, nunca soube confabular com o tom aveludado cor rosa céu

como dizem que como mulher eu deveria ter […]

Quando solto a goela, o som ecoa aos quatro ventos

falo-digo-confronto; mesmo se engasgo,

vou me embora soltando cânticos e expressões

que gosto de intitular: “autonomia”.

Liberdade, é essa palavra que a gente repete cobiçando;

mas que por vezes prende letra por letra na garganta e vira escravidão

no planetário da intrínseca opinião,

gostaria de tatuar no coração:

desencarcerar a nossa opinião — nunca ser escravidão.

fluir como água corrente

Na roda, entre eles palpitando

me jogo no triunfo e lanço o meu palpite (…)

aquela prosa é também parte do que nos compõe;

vi outra vez uma moça ao afrontar dizerem: é histérica.

Convocar e repelir.

Sou essa e aprendi a não sair mais de mim para outro fazer domicilio.

nossa natureza inata nos faz sermos completude.

descobrir-se completude.

Bebo de vez em sei lá, cerveja no copo americano

batom vermelho cai bem;

Impulsiono,

vibro

sou luz […]

Noutras, me apago como vela

quando cai um pingozinho de chuva,

fico cor de cinza e toda xoxa.

Mas me acendo de novo com luz forte, amarela com rajados alaranjados.

Acho bonito essa coisa de ser pôr-do-sol.

Sou moça intuitiva-espectro de força das minhas ascendentes;

Não sei ser neutra

como diziam que eu deveria ser,

sou um punhado de cores vibrando pelo ar,

neutro nunca foi minha cor preferida.

Deixo rastro.

Rastro que nem todos sabem como entender.

Não sou intedível-sou sentível.


“contraindicadas,
causam dependência física, não há de vez em quando
toma-se uma dose já desejando outra.”

(Fernanda Young)

Crio sentimentoscomo invenciono palavras.

Pequei na cartilha de como agir como mulher perfeita.

calçei uma chinela amarela com a boca roxa de vinho num domingo,

Mergulhei em samba, a mim.

ao que nós moças — nada padronizadas;

somos.


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