País? Que país?

País? Que país?

País? Que país?
Não se vive mais o agora
E nem o que virá amanhã
Uma certeza vã e dispersa
Pátria quebrada e seu amor já
Não vale mais nada; Somos filhos
Da vergonha de 521 anos
De sangue e lutas
De preconceito e mortes
De vidas perdidas
Somos filhos da pátria
Comandada por imbecis, nada se faz do que se diz; Ninguém confia
Ainda existem esperançosos
Confiantes na burrice
De toda idiotice
Que o patriotismo traz; Somos filhos da pátria
O verde manchado de vermelho
O amarelo e o azul não se vêem no espelho, são esquecidos
Dia após dia
No desespero das favelas
Na mortandade dos hospitais
Na calmaria do STF
Na comorbidade de Brasília; Pátria nossa
Já tão sofrida
Reprimida
Repudiada e corrompida; Somos filhos
De uma riqueza consumida
Uma riqueza já há muito perdida
Na morte lenta da Amazônia
Na hipocrisia humana
Nos animais em extinção; Somos filhos
De uma terra doente
De seus próprios cidadãos
Seus poetas esquecidos
Seus genocidas tão vivos
Prestigiados onde quer que vão
Dizendo de aberto coração:
“Deus acima de todos!”
O próprio bicho personificado
Vestido em pele humana à frente da nação; Deturpando a esperança
Corroendo a mentalidade; Somos filhos
Da violência, balas perdidas
Que te acham
Se você é negro
Se você é gay
Se você é pobre, não escapa
Nem se esconda: ela te encontra
Esquecimento da pobreza, mortos de fome
Enterrados à indigentes, sem nome
Nem pátria, são os filhos da nação
Os filhos da noite
Que não sabem aonde vão
A política?
O futebol?
A religião?
Quem disse que não se discute
Nos tempos que aqui se estão?
Essa é a nossa história
Nossa crueldade, nossa verdade
Quem escapa desse?
Certo mesmo estava Russo em dizer:
“Que país é esse?”.

14/06/2021(Segunda-feira)

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