O gatilho de ver uma mulher negra humilhada

O gatilho de ver uma mulher negra humilhada

O gatilho de ver uma mulher negra humilhada, rejeitada e criticada por todos foi inevitável. Natália só não foi para todos os paredões porque esteve imune em um. E segunda feira foi massacrada no jogo da discórdia por quase todos jogadores. Aqui fora, também são as mais julgadas, as menos perdoadas, as mais observadas e as menos compreendidas. Se as pessoas compreendessem como o racismo molda como sujeitos sociais, talvez entenderiam o tom das falas como um pedido de socorro.

Talvez todos compreenderiam que o fardo realmente é muito grande e, por vezes, é difícil de aguentar e desabam. E isto não é vítimismo: é, sobretudo, exaustão. A escritora norte—americana Audre Lorde discute a raiva como ferramenta de ação política para o feminismo negro, descolonizando a ideia de “mulheres negras raivosas” em nível pejorativo. Somente para quem não precisa se autoafirmar durante a vida toda, a “voz calma”, a leveza e a “good vibes” são possíveis.

O que vocês chamam de “mulher assustadora”, “raivosa”, “desagradável” eu chamo de racismo. Estamos cansadas. Não esperem calmaria a todo momento em meio à ventania de viver em uma sociedade estruturalmente racista e desumana. O que há de mais perverso do que termos nossos corpos desumanizados e termos que ser gentis a todo custo? Considerando um contexto não muito longe, onde nossos ancestrais tinham que sofrer calado, expressar a nossa raiva também é um ato de liberdade! Leiam e entendam mulheres negras. O massacre em praça pública de uma mulher negra em reality também acontece cotidianamente aqui fora.

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