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O Bioma Esquecido

Gran Chaco, a maior floresta tropical seca da América do Sul com cerca de 800 mil quilômetros quadrados, esquecida por muitos e caminhando para o colapso.

Brenda Oliveira

Apesar de sua maior extensão estar localizada na Argentina, Bolívia e Paraguai, o bioma também é brasileiro. O Gran Chaco ocupa espaços do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e possui mais de cinquenta ecossistemas reunidos sob um mesmo padrão de vegetação e clima. Mesmo possuindo uma grande diversidade, seu futuro está ameaçado.

A parte brasileira do bioma marca o limite oeste do Pantanal com o chaco seco e úmido. O “chaco seco” tem como principais características: vegetação de terras altas, com boa fertilidade, bem drenadas e não inundáveis. E o “chaco úmido” que mostra um componente savânico, os carandazais de terras argilosas e mal drenadas. Os limites do Chaco brasileiro também apresentam influência de outras vegetações como do bioma Cerrado, Amazônia e Caatinga. 

É o lar de espécie raras e exclusivas de fauna e flora, como Opuntia bergeriana, Luziola peruviana, Bulnesia sarmientoi e Goldmania paraguensis.  É também o lar de vários povos indígenas como os Ayoreo, Chamacoco e Wichie. Apesar disso, o governo brasileiro não reconhece o Chaco oficialmente e por isso não há políticas públicas em apoio a ele.

Surpreendentemente, levaria em torno de 300 e 3 mil anos para que fosse recuperado toda biodiversidade perdida, caso o bioma desaparecesse hoje, de acordo com estimativas. Na década de 1990, a porção brasileira do bioma media quase 12.400 km², atualmente resta apenas 13% dessa extensão, o equivalente a 1.600 km².

Essa pequena área no Brasil, não reflete muito a real condição do bioma em outros locais. Dessa forma, algumas das características mudam de acordo com o local. Características essas como a disponibilidade e permanência da água no solo e as áreas abertas campestres. 

Os principais motivos de sua destruição estão no desmatamento, expansão da agricultura industrial, queimadas, caça e alterações climáticas. E está diretamente ligada à devastação do Pantanal devido ao avanço da fronteira agrícola das últimas décadas. Um dos prováveis motivos para a falta de reconhecimento do bioma Chaco, é o fato de sua vegetação não ser exuberante como outros biomas. Há também os fatos de nem haver importância econômica ou turística significante.

A maior parte dos indivíduos de um bioma desaparece com a devastação. Uma grande consequência desse fato é que há grandes chances de se perder genes que são essenciais para a sobrevivência de uma espécie. Faz-se necessário a proteção da biodiversidade através de unidades de conservação que possam proteger espécies únicas e conservar o que ainda restou. Devido à isso, é importante que haja uma investigação que faça o diagnóstico de grau de perda de diversidade genética no Chaco. E a partir disso, avaliar quais medidas podem ser tomadas para recuperar o que foi perdido.

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