O Arroz de Palma é um romance delicado, que emociona e comove. Um livro sobre afetos e relações familiares, que nos faz refletir sobre os lugares que ocupamos em diferentes etapas de nossa trajetória.
“Família é prato difícil de preparar. São muitos ingredientes. Reunir todos é um problema, principalmente no Natal e no Ano Novo. Pouco importa a qualidade da panela, fazer uma família exige coragem, devoção e paciência. Não é para qualquer um. Os truques, os segredos, o imprevisível. Às vezes, dá até vontade de desistir. Preferimos o desconforto do estômago vazio. Vêm a preguiça, a conhecida falta de imaginação sobre o que se vai comer e aquele fastio. Mas a vida, (azeitona verde no palito) sempre arruma um jeito de nos entusiasmar e abrir o apetite. O tempo põe a mesa, determina o número de cadeiras e os lugares. Súbito, feito milagre, a família está servida.”
O livro trata sobre laços de família, pessoas e vidas, contando 100 anos de história de uma família portuguesa que migrou para o Brasil. As lembranças são de Antonio, o primogênito de quatro irmãos, filhos de José Custódio e Maria Romana. Tudo que é narrado no livro vem das reminiscências de Antônio – cozinheiro de profissão – sempre recheadas de afeto. Ao comemorar seus 88 anos, ele prepara um almoço de família e reúne todos: mulher, filhos, netos irmãos e seus descendentes de idade e também comemora os 100 anos de casamento de seus pais já falecidos. Não se trata, no entanto, do retrato de uma família perfeita. Ao contrário, podemos ver ali todos os acontecimentos a que uma família tem direito – casamentos, brigas, separações, intrigas, comemorações, nascimentos, diferentes opções sexuais, desentendimentos e mortes -, só que temperado com carinho pelo autor.
.
“Primeiro romance a tratar da imigração portuguesa para o Brasil no século XX, O arroz de palma narra a saga de uma família em busca de um futuro melhor, superando diversas dificuldades. Nos cem anos em que acompanhamos suas vidas, irmãos brigam e fazem as pazes. Uns casam e são felizes, outros se separam. Os filhos ora preocupam, ora dão satisfação. Tudo sempre acompanhado pelo arroz jogado no casamento dos patriarcas, José Custódio e Maria Romana, em 1908. Grão que serve de fio condutor desta história, como migalhas de pão jogadas no labirinto da memória.”
O Arroz de Palma fala das raízes do imigrante lusitano. Da gente simples, honesta e trabalhadora que veio em busca de uma vida melhor em terras brasileiras, cheia de sonhos e projetos e que, transplantada neste solo, com muita luta e espírito de superação, aprofundou raízes, cresceu e deu frutos.
O autor busca atingir o cerne da família como um todo, e isso inclui os momentos marcantes (felicidades e tristezas) que constituem a nossa identidade.
“O tempo põe a mesa, determina o número de cadeiras e os lugares. Súbito, feito milagre, a família está servida. Fulana sai a mais inteligente de todas. Beltrano veio no ponto, é o mais brincalhão e comunicativo, unanimidade. Sicrano – quem diria? – solou, endureceu, murchou antes do tempo. Este, o mais gordo e generoso, farto, abundante. Aquele o que surpreendeu e foi morar longe. Ela, a mais apaixonada. A outra, a mais consistente. E você? É, você mesmo, que me lê os pensamentos e veio aqui me fazer companhia. Como saiu no álbum de retratos?”
Quanta coisa queremos que não é essencial para nossas vidas. A felicidade é simples, e não é preciso muito para sermos verdadeiramente felizes.
Leitura indispensável!
Caso tenha interesse em adquirir o livro, você pode estar adquirindo através do link abaixo: