De acordo com Goldstein (2011):
“Memória são os processos envolvidos na retenção, recuperação, e utilização de informação sobre estímulos sensoriais, imagens, eventos, ideias, e habilidades após o desaparecimento da informação original.”
Em 1968, Atkinson e Shiffrin propuseram um modelo acerca da memória humana conhecido como ‘Modelo Modal de Memória’, o qual sugere três estágios (tipos) de memória:
- Memória Sensorial: estágio inicial, no qual todas as informações são mantidas por algumas frações de segundos
- Memória de Curto-prazo: Capaz de manter 5 a 7 pedaços de informação por 15 a 30 segundos.
- Memória de Longo-prazo: Capaz de manter uma grande quantidade de informações por até décadas.
O processo de armazenamento de informações na memória de longo-prazo é conhecido como ‘codificação’, enquanto que o processo de se lembrar de informações armazenadas na memória de longo-prazo é chamado de ‘recuperação’.
Nesse artigo discuto um pouco sobre questões básicas envolvendo memória sensorial (MS), de curto-prazo (MCP) e memória de trabalho (MT), sendo que em um futuro artigo irei abordar a memória de longo-prazo (MLP).
Memória Sensorial
Consiste na retenção de estimulações sensoriais por breves períodos de tempo. Basicamente, toda informação sensorial que entra em contato com o sistema visual humano é registrada, porém essas começam a se desfazer em menos de 1 segundo. Esse processo é chamado por muitos de ‘memória icônica’
Existe um consenso entre pesquisadores que a função da memória sensorial consiste praticamente em coletar informações para serem processadas, manter informações por breves períodos enquanto o processamento ocorre, e por fim, preencher as lacunas quando a estimulação ocorre de forma intermitente.
Memória de Curto-Prazo
Sistema responsável pelo armazenamento de pequenas quantidades de informações por períodos breves (Baddeley et al., 2009). Em um estudo muito interessante, Miller (1956) introduziu o conceito de “pedaços de informação” (Chunks), sendo que o ser humano seria capaz de manter 5 a 9 pedaços na memória de curto-prazo.
De acordo com Miller, pedaços de informações podem ser combinados ou associados de forma que se tornem parte do mesmo pedaço, possibilitando que a memória de curto-prazo se ocupe de outras informações novas. Um pedaço de informação pode ser definido como: uma coleção de elementos que estão fortemente associados entre si, ao mesmo tempo que estão fracamente associados com outros (Gobet et al., 2001).
Memória de Trabalho
Consiste em um sistema limitado de armazenamento e manipulação de informações, o qual facilita a execução de tarefas complexas, por exemplo, compreensão e aprendizagem. Este difere da memória de curto prazo ao possibilitar a manipulação de informações diante de demandas situacionais, além de consistir de três componentes:
- “Loop” Fonológico: Responsável pelo armazenamento e manipulação de informações verbais e auditórias. Um exemplo da utilização desse componente é quando você ouve um número de telefone e, em seguida, o repete mentalmente diversas vezes para não esquecer.
- “Bloco de desenhos” Viso espacial: Responsável pelo armazenamento e manipulação de informações visuais e espaciais. Um exemplo de utilização desse componente é quando você visualiza o caminho para chegar à determinado local, por exemplo, ao trabalho ou à academia.
Esses dois primeiros componentes estão atrelados ao componente Executivo Central:
- Executivo Central: Sistema no qual ocorre a maior parte das funções da memória de trabalho. Este é capaz de recuperar memórias de longo-prazo e coordenar essas informações com o “Loop” fonológico e “Bloco de desenhos” viso espacial, alternando a atenção entre os diferentes aspectos da tarefa em mãos. Dessa forma, podemos concluir que a principal função desse sistema é decidir como dividir a atenção para executar determinada ação.
Para finalizar o artigo, ressalto que nos últimos anos alguns pesquisadores tem sugerido a existência de um quarto componente, o “Buffer” episódico (Baddeley, 2009). Apesar dessa ideia ainda estar em seu início e sua definição ser vaga, a hipótese é que o “Buffer” seja capaz de auxiliar a memória de trabalho, possibilitando a manutenção e manipulação de uma quantidade maior de informações.
Referências
Atkinson, R. C., & Shiffrin, R. M. (1968). Human memory: A proposed system and its control processes. In K. W. Spence & J. T. Spence (Eds.), The psychology of learning and motivation. New York: Academic Press.
Baddeley, A. D., Eysenck, M., & Anderson, M. C. (2009). Memory. New York: Psychology Press.
Goldstein, E. Cognitive psychology.
Gobet, F., Land, P. C. R., Croker, S., Cheng, P. C.-H., Jones, G., Oliver, I., & Pine, J. M. (2001). Chunking mecha- nisms in human learning. Trends in Cognitive Science, 5, 236–243.
Miller, G. A. (1956). The magical number seven, plus or minus two: Some limits on our capacity for processing information. Psychological Review, 63, 81–97.
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