Mario Sergio Cortella e um de seus excelentes textos sobre “Mágoa”.
Quantas vezes imaginamos a mágoa como aquilo que temos direito de ter e de levar para sempre? Isso nos deixa um pouco amargos. Mágoa em relação ao que fizeram, em relação a um professor que falou algo ou que deu uma nota baixa. Mágoa em relação a alguém que nos ofendeu e isso gerou raiva. O memorialista e médico Pedro Nava, no livro Baú de ossos, diz: “Eu não tenho ódio, eu tenho memória”.
Isto é, eu não estou odiando, mas algumas coisas não consigo esquecer. Algumas coisas eu não quer esquecer, algumas coisas não devem ser esquecidas: a ofensa que encontrou terreno para a humilhação, a capacidade de machucar alguém com violência física ou simbólica, um massacre produzido sobre uma comunidade. Não é para se ter ódio, mas é para se ter memória, que serve também para que não sejamos capazes de repetir ou de admitir que se repita aquilo que conosco fizeram.
A mágoa, quando persiste por muito tempo, é incapaz de se transformar numa memória positiva, porque fica o tempo todo marcada pela raiva.
E a literatura, como no caso de Pedro Nava, nos oferece alguns caminhos de meditação, de reflexão para fazer da memória uma grande escada.
Mario Sergio Cortella
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Mario Sergio Cortella é um filósofo, escritor, educador, palestrante e professor universitário brasileiro mais conhecido por divulgar questões sociais ligadas à filosofia na sociedade contemporânea.
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