Frantz Fanon é importantíssimo para a psiquiatria, sociologia, estudos em racismo, psicologia decolonial… O alcance é grande. Nascido nas Antilhas Francesas, psiquiatra e filósofo negro, viria a trabalhar na Argélia e na Tunísia, tendo sido enterrado na primeira. Envolveu-se em lutas coloniais por independência e foi fundamental na construção de um nacionalismo africano. É estudado em todo o mundo.
Trata-se de uma coletânea de escritos psiquiátricos. Suas influências psicanalíticas e fenomenológicas são apreciadas aqui. As notas explicativas da edição são fundamentais, e o conjunto da obra reforça meu grande apreço pela editora Ubu.
Por um lado, o capítulo sobre o impacto sociológico nos transtornos mentais é, sozinho, um dos melhores que já li na vida. Nota dez. Pensar que Fanon concebeu suas ideias não enclausurado num castelo, mas trabalhando em condições precárias, vivendo os desafios junto aos pacientes, é fantástico. O foco em terapias comunitárias e a busca por instituições que não piorem os quadros patológicos foi inovador. Se o seu interesse for pelas contribuições mais originais de Fanon, vá direto a esses capítulos.
Por outro lado, os grandes capítulos restantes seguem a discussão da época: o que separa a psiquiatria da neurologia? Por falar de temas demasiado técnicos e mais ou menos distantes de mim, vi mais valor histórico que contemporâneo.
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