“Para nós os grandes homens não são aqueles que resolveram os
problemas, mas aqueles que os descobriram.”
Albert Schweitze
Por que é difícil para as pessoas seguirem regras básicas? Consultar
um manual de instruções ou mesmo acessar o item “Ajuda” de qualquer
sistema? É muito interessante como as pessoas apenas seguem as orien-
tações quando estão passando por algum problema específico. É tão fácil
apenas seguir as regras que normalmente são para a nossa segurança, não?
Bem, estou dizendo isso porque em 2020 a humanidade enfren-
tou uma pandemia mortífera. A pandemia do “Covid-19”. Existiam duas
recomendações básicas: Uma é não sair de casa, o isolamento social. A
outra era: Se precisar sair, use máscara.
São duas instruções simples e específicas. Se não puder seguir
uma, siga a outra. Essas medidas não são apenas para a sua proteção e sim
para todas as pessoas que estão a sua volta.
Muitas pessoas acham fortuito. Muitas insistem em achar que
isso não é necessário. Então vejo na TV muitos lugares no Brasil, princi-
palmente no norte do país, onde o governo federal parece um pouco mais
distante, pessoas vivendo como se isso não fosse nenhuma preocupação,
como se essa pandemia fosse doença de gringo e que apenas acontece
fora do pais.
Vejo dias depois mais reportagens, mas a notícia já é bem diferente.
Na reportagem são exibidas centenas de cadáveres sendo enter-
rados em covas comunitárias e uma mulher chorando na fila de atendi-
mento do hospital com o sintoma da doença, ainda sem receber atendi-
mento. Se todos acatassem as orientações desde o início, não seria evitada
toda essa situação? Se todos seguissem as ordens médicas, não evitariam
tantas mortes? Se aquela mulher da reportagem, que chora por não ser
atendida, seguisse todas as orientações desde o início ela não poderia ter
evitado estar ali?
Estou parecendo meio insensível?
Talvez sim, mas essa reação é necessária para que as pessoas en-
tendam que tudo depende de cada um de nós. A comunidade depende
de todos. Depois de não seguir regras explicitamente postas, não adianta
reclamar para seus representantes do governo, pois você mesmo não fez
a sua parte.
Sempre é assim. Temos que sofrer uma penalidade da vida para
aprendermos a sermos mais preventivos do que corretivos. Sempre apren-
demos a resolver os problemas ao invés de preveni-los. Nunca acatamos a
orientações necessárias. Nunca prestamos atenção ao que nos é ensinado.
Sempre nos achamos auto suficientes.
Precisamos aplicar o que já foi descoberto. Dificilmente você
criará ou inventará alguma coisa. Seja assertivo em suas atitudes. Se as
orientações existem são de alguma forma necessárias. Se medidas de se-
gurança são criadas e difundidas é porque em algum momento esse pro-
cedimento já foi testado e seu resultado, aprovado. Alguém já passou de
alguma maneira por aquela situação.
Trabalhamos de uma forma muito, muito corretiva. E estou fa-
lando tanto de maneira pessoal quanto profissional. Esperamos as coisas
darem errado para aplicar uma solução. Às vezes, e normalmente é assim,
esperamos as coisas acontecerem para darmos uma solução a tal assunto.
Quantas vezes você passou por situações em que pensou: – “Impossível
isso acontecer”? ou – “É tão difícil deste fato ocorrer que é desnecessário
gastarmos dinheiro para prevenir isso”.
E depois de algum tempo aquele desastre que era impossível
acontecer; acontece. E você, teve devido a isso um prejuízo dezenas de
vezes maior.
Um exemplo disso foi quando as torres gêmeas dos EUA foram
derrubadas por terroristas. Eram as duas maiores torres do pais, que re-
presentavam o centro financeiro da América. Nelas se encontrava uma
empresa do setor financeiro, líder no mercado mundial. Em seus ser-
vidores (computadores centrais que guardam todas as informações da
empresa) estavam todos os dados mais sigilosos dos seus clientes e as
informações vitais para a própria financeira.
Vou explicar de uma forma bem prática e simples como funciona
em uma empresa de médio e grande porte a questão da segurança de
todas as informações. Normalmente a empresa faz uma cópia de todos
os dados diariamente. As informações de segunda a sexta-feira são guar-
dadas separadamente. Quando chega no final de semana é realizado um
backup de toda a semana anterior. Chegando ao final do mês realizam a
cópia mensal. Tudo isso com o objetivo de caso aconteça qualquer pro-
blema, seja o servidor queimar ou acesso criminoso de algum hacker, a
empresa não perderá nenhum dado.
Se pensar bem, não seria muito inteligente a empresa ter todas
essas fitas de segurança guardadas no mesmo lugar onde são realizadas
suas cópias porque em caso de acidentes tudo irá sumir. Então o que fa-
zem as empresas?
Guardam essas fitas em gigantescos cofres antichamas. Esse cofre
fica em outra localidade para o caso de ocorrer um grande acidente ou
ataque à sede da companhia. Essa empresa de finanças que citei acima
realizou todo esse processo, tomou todas as devidas precauções. E qual
foi a ideia original?
Todas as fitas gravadas no WTC 1 (prédio do Word Trade Center
I) foram inteligentemente movidas para o WTC 2 (prédio do Word Trade
Center II). Ótima ideia, mas e as informações da torre 2? Onde deveriam
ficar guardadas por segurança?
As informações foram para a WTC 1. Então em qualquer inci-
dente que ocorresse, como perda de informação, acidentes, incêndio ou
qualquer outro problema os responsáveis pela tecnologia da informação
conseguiriam colocar toda rede de computadores funcionando em pou-
cas horas sem nenhuma perda para os funcionários. Quer dizer, um es-
critório teria um respaldo de segurança do outro. Mas porque essa ideia
foi plausível?
Porque seria improvável que as duas maiores torres da Améri-
ca tivessem problemas ao mesmo tempo. Mas eu disse improvável e não
“impossível”.
E o impossível aconteceu. Numa terça feira, em um ataque ter-
rorista realizado pela Alkaeda, as duas torres foram derrubadas e essa
empresa de finanças teve centenas de milhões em prejuízo. Infelizmente
foi um erro humano. Por mais que fosse uma situação improvável, existia
uma possibilidade. Mesmo que mínima, existia.
Concluí que tudo na nossa vida é improvável, mas não é impos-
sível. Nos dois lados da moeda, tanto para o lado bom quanto para o lado
ruim, nada é impossível de acontecer.
Muitos conhecem a frase que foi dita sobre o Titanic quando foi
inaugurado:
Criado em 1912 e era realmente improvável que um dia algo na-
tural afundasse aquele navio. Na época de sua entrada em serviço, em 2
de abril de 1912, o Royal Mail Ship (RMS) Titanic era o segundo de três
navios irmãos de Classe Olympic, e era o maior navio do mundo. Ele e
seu irmão, o RMS Olympic, eram quase uma vez e meia a tonelagem bru-
ta dos navios da Cunard RMS Lusitania e do RMS Mauretania (os prévios
detentores do recorde) e era quase trinta metros mais longo. O Titanic
poderia transportar 3547 pessoas com velocidade e conforto, e foi cons-
truído em uma escala até então sem precedentes. Seus motores de pistão
eram os maiores já construídos, atingindo 12 metros de altura e com ci-
lindros de 2,70 metros de diâmetro exigindo a queima de 610 toneladas
de carvão por dia. O naufrágio do RMS Titanic ocorreu entre a noite de
14 de abril e a manhã de 15 de abril de 1912 no Atlântico Norte, quatro
dias após o início de sua viagem inaugural, partindo de Southampton,
Inglaterra, com destino à cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos.
Sendo o maior navio de passageiros em serviço à época, o Titanic tinha
2208 pessoas a bordo quando atingiu um iceberg por volta de 23:40 (ho-
rário no navio) no domingo, 14 de abril de 1912. O afundamento aconte-
ceu duas horas e quarenta minutos depois, às 02:20 da segunda-feira, 15
de abril, resultando na morte de 1.496 pessoas, transformando-o em um
dos desastres marítimos mais mortais. E ele era o maior navio do mundo!
Era improvável, mas não impossível.
Coisas assim podem ocorrer diversas vezes na nossa vida pes-
soal. Não vou entrar na esfera de questões profissionais, pois isso é as-
sunto para outro texto. Tudo que pudermos fazer para evitar que algo dê
errado na nossa vida, devemos fazer. Não devemos protelar uma situação
ou a resolução de um problema e esperá-lo aumentar para depois tentar-
mos remediar o caso.
Se nota que certa atitude de seu familiar ou amigo pode dar erra-
do mas que é improvável, lembre-se de que nada é impossível.
Então, amados, se você sabe que o que você decidiu não traz
uma segurança futura, se está ciente de que aquilo tem, por mínima
que seja, uma chance de dar errado; não o faça. Temos que parar de
agir de maneira corretiva e iniciarmos uma era preventiva. Não pre-
cisamos esperar que milhares de pessoas morram ou que alguém seja
prejudicado pela nossa falta de responsabilidade. Temos de parar de
concertar as “cagadas” que fazemos.
Por que temos de esperar que as coisas deem errado para corri-
gimos? Se soubermos que alguma coisa poderá dar errado, por que não
desenvolvemos uma improbabilidade mais que impossível? Não espere
que tudo dê errado no seu casamento, na sua amizade com outra pes-
soa, no seu relacionamento com seu familiar ou no trabalho para corrigir
uma situação.
Você pode perder sua confiabilidade e prejudicar muitas pessoas
pela inconsequência de uma decisão