Gostaria de falar um pouco sobre extroversão e introversão, e, logo após a leitura chegar ao fim, proponho um desafio interpretativo: Aponte qual das duas características é dominante em minha personalidade. O introvertido aprende muito com os meios sociais. Gosta de tratar as convenções como uma análise de comportamento teórica, uma vez que fracassa quase sempre quando propõe exporta-las para a prática cotidiana. Em outras palavras, observa e aprende quando rodeado de pessoas, mas notavelmente lhe falta vibração ao apresenta-las, seja vibração interna ou externa. Por dentro ele entende o que deve fazer para ser socialmente aceito, mas o consumo de energia e de pensamento são consideravelmente maiores. É interessante também como é apegado pelo modo como é visto; Calcular as palavras certas, os gestos certos, se falou demais ou se falou de menos, o que seria adequado em determinada situação entre outras manias são rotina, afinal, não quer que o vejam como alguém totalmente excluído. É necessário participar, mas… como se deve agir quando alguém precisa de socorro? Como lidar com muitas crianças? O que fazer quando alguém te revela um luto? Perguntas que configuram um evento extraordinário, isto é, que está fora da rotina, da ordem, são um desafio. Para quem não é majoritariamente introvertido, as reações e atitudes vem com mais naturalidade, estas que já são esperadas pelos mesmos, mas nem sempre o introvertido está preparado. Nem sempre sabe como agir em determinada situação em que lhe é esperado uma reação natural.
Isso acontece porque o natural, para o introvertido, é um encontro consigo mesmo. É onde ele tem repleto domínio e não pode ser julgado, e nem muito exigido. A cenografia social não o encontra na solitude. As demandas do grupo estão longe, as condutas e o gasto de energia são preservados em si, e dai o introvertido se sente restaurado e relaxado. Sozinho é possível maravilhar-se com um bom livro, assistir a um filme que gosta, isto é, realizar tarefas voltadas para si e apenas dialogando com si. É menos estressante tocar um instrumento com platéia ao vivo ou realizar uma palestra do que passar horas socializando com pessoas; Em ambos os casos você está mais exposto do que em uma simples festa, mas não estará sendo julgado pelas suas habilidades sociais, e sim estará exercendo uma atividade na qual você possui mais interesse e confiança.
O encontro em grupo, para ele, significa cansar-se. Exigi-se de si planejamento de fala e de expressão, assim como também um controle de ambiente que está fora de qualquer um. Conversas sobre o tempo – se vai chover ou se fez sol no dia anterior – exigem uma enorme paciência. Laurie Helgoe, psicologa americana, em sua obra: “Introvert Power: Why Your Inner Life Is Your Hidden Strength” traz com muita precisão a visão do introvertido sobre o dialogo com os outros: “Vamos esclarecer uma coisa: nós, introvertidos, não detestamos conversas superficiais porque somos avessos às pessoas, as odiamos porque odiamos a barreira que elas criam entre as pessoas”. O bom observador sabe que certa futilidade serve como uma linha fina de conversa que preenche o tempo, mas não traz profundidade alguma, e essa banalidade poderia ser substituída e ter um uso melhor do tempo e do dialogo.
Quanto mais gente em um evento privado, ou seja, quanto mais caótico e exigente o ambiente lhe parece, mais difícil é para o introvertido. E não pense que é fácil distingui-lo das outras pessoas em um ambiente lotado; é possível que ele não esteja mexendo no celular em um canto sozinho com uma nuvem negra sobre a cabeça, é muito provável que esteja se socializando; isso porque, em alguns casos, ele tenta. Faz o possível para se encaixar. Não para jogar conversa fora, mas para evitar ser julgado e taxado como “diferente”. Tímido tem medo do julgamento, o introvertido o evita por conveniência. Isso acontece porque essa característica de personalidade é bastante incompreendida em nosso meio, especialmente em um país acalorado e cordial – passional – como o Brasil, afinal, boa gente é categorizada como àquela pessoa que conversa muito, tem boa relação com o grupo, é eficaz e proativa, e como também são ideais empregatícios. É importantíssimo frisar que o introvertido não ama menos, e não tem aversão pelas pessoas, familiares e amigos. Apenas preza por estar sozinho mais do que preza por estar em um grupo, mas a personalidade não anula o convívio.
O introvertido prefere escrever, pois suas ideias apresentam menos conflitos do que o meio social lhe proporciona.
Sobre o extrovertido, sei que gosta de falar bastante, sei apenas disso.
E agora, caro leitor, já descobriu qual das duas é minhas personalidade dominante? Deve ser um desafio e tanto.
Escritor: G. Pontes – meprovocando.com
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