Inteligência se refere à capacidade de aprender a partir da experiência, utilizando-se de processos metacognitivos, possibilitando assim a adaptação do indivíduo à seu ambiente. Considerando a variedade de ambientes culturais, inteligência pode ser concebido a partir de diferentes perspectivas.
Modelo das três camadas de Carroll:
A inteligência é composta de três camadas distintas que obedecem à uma hierarquia (Carroll, 1993). Na primeira camada, estão armazenadas as habilidades e capacidades específicas, por exemplo, quando soletramos uma palavra ou temos um raciocínio muito rápido. Na segunda, estão diversas habilidades ou capacidades gerais, por exemplo, no processamento de informações, memória a curto e longo prazo, etc. Na terceira a última camada, está a inteligência geral do indivíduo, muitas vezes representada pela letra ‘g’.
A camada do meio é aa de maior interesse aos teóricos e pesquisadores, pois nela se encontram as habilidades fluídas, que se refere à velocidade de raciocínio abstrato, e as habilidades cristalizadas, ou seja, linguagem e conhecimento acumulado ao longo dos anos (Cattel, 1971).
Teoria das múltiplas inteligências de Gardner:
Ao invés de propor um modelo com diferentes habilidades se somando para formar uma inteligência geral (g), Gardner, conhecido por sua visão modular da mente humana propôs que, na verdade, existiriam 8 formas distintas de inteligência:
- Lingúistica: observada quando lemos um livro, escrevemos uma peça de teatro ou poema, compreensão da língua falada e palavras. Por exemplo, Shakespeare possuía essa inteligência
- Lógico-matemática: raciocínio lógico e solução de problemas envolvendo matemática. Por exemplo, Albert Einstein e Stephen Hawking.
- Espacial: Utilizada na locomoção, para se chegar de determinado local a outro, utilização de mapas, boa utilização do espaço. Por exemplo, urbanistas e decoradores costumam apresentar traços desse tipo de inteligência
- Musical: Ao tocar algum instrumento, compor uma música, apreciação de músicas. Por exemplo, Michael Jackson ou Luciano Pavarotti
- Sinestésica-corporal: Dança e esporte. Por exemplo, Ronaldinho Gaúcho
- Intrapessoal: relacionamento com outras pessoas, comunicação eficiente, empatia. Por exemplo, psicólogos costumam apresentar essa inteligência
- Interpessoal: Auto-controle emocional e psicológico, auto-conhecimento e reflexão. Por exemplo: Mahatma Gandhi
- Naturalística: compreensão de padrões da natureza. Por exemplo, físicos e geólogos.
Teoria Triárquica de Sternberg
Sternberg enfatizava como os diferentes aspectos da inteligência trabalham em conjunto, ao contrário da teoria de Gardner (Sternberg, 1985, 1999). De acordo com este autor, a inteligência é formada por três fatores:
- Habilidades criativas: geram novas idéias, perspectivas e soluções
- Habilidades analíticas: avaliam se suas idéias, perspectivas e soluções são adequadas ou não
- Habilidades práticas: implementam suas idéias, perspectivas e soluções, ao mesmo tempo que demonstra à outras pessoas uma praticidade
Ademais, a cognição humana controla toda a inteligência. No processamento de informação atuam três componentes específicos: metacomponentes, ou seja, processos de ordem executiva superior, por exemplo no planejamento e avaliação de um problema; componentes de performance, ou seja, processos de ordem inferior, usados na aplicação dos planos; componentes de aquisição de conhecimento, ou seja, processos envolvidos na aprendizagem de como resolver problemas.
Conclusão
Apesar do objetivo desse texto não ser de abordar todos os aspectos envolvidos na forma que a psicologia cognitiva enxerga a inteligência humana, discutimos alguns modelos básicos que possibilitam a compreensão de determinados fenômenos psicológicos.
Referências
CATTELL, R. B. (1971). Abilities: Their structure, growth, and action. Boston: Houghton Mifflin.
CARROLL, J. B. (1993). Human cognitive abilities: A survey of factor- analytic studies. New York: Cambridge University Press.
GARDNER, H. (1983). Frames of mind: The theory of multiple intelligences. New York: Basic Books.
STERNBERG, R. J. (1985). Beyond IQ: A triarchic theory of human intelligence. New York: Cambridge University Press.
STERNBERG, R. J. (1999). A dialectical basis for understanding the study of cognition. In R. J.
STERNBERG (Ed.), The nature of cognition (pp. 51–78). Cambridge, MA: MIT Press.
STERNBERG, R. J, STERNBERG, K., MIO, J. S. Cognitive psychology. Australia: Wadsworth/Cengage Learning, 2012.
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