Você já deve ter ouvido a frase: “prepare-se, pois, um dia você será o pai de seus pais”! Cada vez mais essa é uma realidade e com a longevidade despreparada, com o Alzheimer galopante visitando e fazendo morada nas famílias e com tantas outras situações com as quais nos deparamos nos dias de hoje, temos que: observar, cuidar e proteger nossos idosos, tal como fazemos com nossas crianças.
Quando percebemos que nossos pais não conseguem mais administrar os próprios remédios, quando acontecem quedas, panelas são esquecidas no fogo, esquecem de tomar banho, abrem a porta para estranhos e parecem desligados da realidade e dos riscos, já não podemos mais deixá-los por conta própria, mesmo que eles queiram isso. Muitos não percebem e sequer aceitam suas limitações e dizem sonoramente que não precisam de ajuda, que são capazes e que sempre se cuidaram sozinhos.
Por outro lado, temos a visão errônea que uma instituição é sinônimo de abandono, de velhos largados e sem amor. E enquanto acreditamos que podemos dar conta de tudo, enquanto permanecemos arraigados a certas perspectivas, adoecemos todos, tentando criar meios e métodos para solucionar as novas rotinas que mudam drasticamente a vida.
Cuidar do dia a dia de um idoso é tarefa. Exige conhecimentos e práticas diárias que nada tem a ver com amor. Aliás amar é entre outras coisas reconhecer os limites de nossa competência e buscar as melhores soluções para as dificuldades que se apresentam em cada momento.
Envelhecer vai além das rugas e do branquear de cabelos, é um processo com altos e baixos, com fases distintas, com crises e solicitações de cuidados permanentes. Nem todos se preparam para o envelhecimento, nem todos percebem a necessidade de construir a velhice já na juventude e por vezes se tornam vítimas do peso da idade.
Institucionalizar é muitas vezes a melhor alternativa para oferecer qualidade de vida ao idoso, manter a integridade de sua saúde e ter saldos positivos nessa fase desafiadora. O acolhimento familiar, as relações interpessoais e todo o amor e respeito que o idoso tem direito não são encerrados por conta da institucionalização. Boas famílias serão sempre boas famílias.
Por vezes nos preocupamos que o idoso fique em sua casa, em sua cama, com seu travesseiro e tudo mais que ele ama e conhece, mas temos que pensar também e com muita atenção: em sua segurança, na nutrição adequada, na medicação controlada, nas vacinas, nas terapias, no controle das doenças e nos laços sociais. A escolha de uma instituição carece de critérios rigorosos nos detalhes e na qualificação de seus profissionais. O conforto, o lazer, as medidas de segurança, as instalações são itens obrigatórios de pesquisa, uma dica é visitar as instituições várias vezes e em horários diversos. Referências também são importantes e o olhar atento é fundamental e deve ser permanente.
Assim, institucionalizar pode representar o caminho do meio, ou seja, o organizar da saúde e das rotinas, do dia a dia no que se refere aos controles; e para nós as famílias ficam os afetos: abraços, os beijos, os passeios e o agregar de mais vida aos dias.
Mariângela Carvalheiro
Psicopedagoga e graduanda em gerontologia
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