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ILUSÕES HISTÓRICAS QUE A HUMANIDADE SE PRENDEU COMPORTAMENTALMENTE

ILUSÕES HISTÓRICAS QUE A HUMANIDADE SE PRENDEU COMPORTAMENTALMENTE

ILUSÕES HISTÓRICAS QUE A HUMANIDADE SE PRENDEU COMPORTAMENTALMENTE

Quando a etimologia se torna absolutista, a semântica normalmente se sobrepõe, demonstrando àquela que não mais reside em seu tempo.

No hodierno, a teleologia acaba sendo o mais viável instrumento para equilibrar conflitos ideológicos, pautados em pseudo historicidade, utilizada como véu para cobrir interesses pulsionais e de divisão de grupos, com falsos discursos de igualdade.

A igualdade é uma ilusão quando apresentada pela divisão da mera materialidade. O possuir bens não implica em igualdade, mas normalmente, em subjugação ao domínio materialista, no que se refere a possuir bens de consumo, apenas e tão somente para se sentir em posição de destaque social; aquele típico sentimento ancestral de “alpha”. Mesmo que todos possuíssem os mesmos instrumentos proporcionadores de potências para competições equilibradas, sempre haveria um vencedor e, este, mais possuiria, se tornando detentor de mais e destruindo a ilusória igualdade, pautada em divisão de meros bens materiais.

A igualdade, de fato, reside no atendimento às necessidades básicas e ao oferecimento destes mesmos elementos, colocando as pessoas em possibilidades equilibradas de competição em um mercado de trabalho e, dando a compreensão de que sempre haverá vitórias e derrotas nas competições. Se não há competição, a sobrevivência se pauta no recebimento de doação e, tal situação, somente ocorre com gado em currais bem protegidos, evitando que se digladiem entre si, para que não percebam que podem confrontar o próprio dono do rebanho.

Necessariamente como elemento fundamental, a igualdade deve residir na formação de caráter de cada pessoa, dentro de um contexto grupal, pautada nas possibilidades de competições materiais, em elementos fundamentais, formando a compreensão e capacidade de lidar com a liberdade.

A liberdade não é a soltura de pulsões individuais, mas sim, o saber lidar com elas perante normas de caráter objetivo, compreendendo o convívio e a totalidade humana, em meio ao meio ambiente. Liberdade, em síntese, é a capacidade de lidar com as limitações de conduta, tendo a compreensão de que outros benefícios se estendem consequencialmente a tais proibições, levando benefícios à pessoa e a outrem. A liberdade é uma balança que pende relativamente suave de um lado para outro, sem exageros.

A igualdade se encontra extremamente arraigada à liberdade, pois a igualdade é a base para a liberdade. Enquanto a igualdade é a formação de potências pessoais equilibradas e compreensões de limites de condutas, para que tais potências de competição se mantenham, a liberdade é o exercício da igualdade. Não há liberdade sem igualdade e, uma igualdade que não promova liberdade, é meramente uma ideologia inaplicável.

A paz é o processo interno; emocional e sentimental sobre o que o meio em que a pessoa existe a oferece de meios de ação e reação para nele ela se manter com relativo equilíbrio existencial.

A paz não é a ausência de conflitos, mas a capacidade de lidar com eles de maneira equilibrada, tanto emocionalmente como instrumentalmente.

O existir é essencialmente conflituoso. Quem vive em busca da felicidade, essencialmente tende a viver em completa desgraça emocional. A felicidade é a ilusória constante ausência de elementos perturbadores, junto a emoções e sentimentos de prazer.

O que podemos conseguir são momentos de felicidade ou, melhor dizendo, de alegria. Todos os sentimentos são fugazes e, as emoções, no mínimo, alteráveis em potência, levando a graus de maior ou de menor importância, ao longo do existir de cada pessoa.

A busca pela felicidade é, em muito, uma das grandes responsáveis pelas ideologias autoritaristas, independente de qual seja, pois visa controlar as massas com promessas de soluções perfeitas. Soluções, de fato, são escolhas que levam a males considerados, subjetivamente, de maneira pessoal ou de pequenos grupos, como sendo a escolha do mal menos gravoso. Consequências negativas sempre vão existir. A crença e busca de soluções perfeitas, principalmente para problemas de caráter social, é a real consequência da crendice na felicidade; na crendice de uma solução absoluta que beneficia a todos de maneira igualitária.

O existir não é para pessoas puramente emocionais, pois podem se tornar extremamente violentas, ao acionarem as suas pulsões atávicas de sobrevivência; de preservação da própria espécie. Isso torna as pessoas pulsionais altamente manipuláveis, principalmente pelos friamente racionais, as levando ao cometimento de atrocidades diversas com a compreensão de estarem promovendo um grande bem; promovendo uma felicidade geral e eterna. Da mesma forma, o existir não é para as pessoas extremamente racionais, pois o raciocínio frio, que não vem dotado de pulsões, é cruel e implacável, pois se fundamenta em pulsões que o próprio déspota não percebe, o fazendo buscar uma posição de destaque para que a sua própria pessoa se perpetue na preservação da espécie.

A pessoa com menores possibilidades de cometer erros graves é aquela que tem todas as pulsões humanas, mas que não se permite ser guiada por elas. Controla-se pela razão, usando pulsões como potência, ao invés de justificativa para ações torpes.

Uma pessoa comum é aquela que tem todas as pulsões e toda a potência necessária para absorver conhecimentos diversos, aumentando o seu Conhecimento. É uma escolha possuir mais conhecimentos dentro do Conhecimento. Negar-se como pessoa comum é a primeira ação para o despotismo. Infligir a outrem as consequências da própria incapacidade de compreender ideias é demonstrar-se essencialmente ignorante, por negar que emoções e sentimentos são intransferíveis e, estes elementos, são construções de experiências pessoais, formando cosmovisões únicas, uma em cada Ser humano.

Igualdade, liberdade e paz, são elementos essencialmente ligados, em caráter social. Se os sistemas político, normativo, social, educacional, se saúde… não se harmonizarem entre si para que a igualdade e a liberdade possam existir de fato, a humanidade continuará sendo o que sempre foi: grupos se unindo na tentativa de implantarem as suas compreensões pessoais, para atenderem ao que compreendem como mais viável. O mundo nunca foi livre, pelo menos, historicamente comprovado. Como continuamos usando as mesmas fórmulas, o que muda nos conflitos atuais é apenas o uso de tecnologias mais refinadas.

A empatia é fundamentalmente essencial para a reversão dos fracassos históricos, que demonstram reverberar ao longo dos tempos, pelas suas simples repetições, modificadas apenas por véus tecnológicos e normativos.

Se trocarmos empatia pela terminologia fraternidade, que é um termo que nos remete a empatia entre um grupo humano comum; fraterno, teríamos a igualdade, liberdade e fraternidade da revolução francesa? Certamente que não, pois frente à etimologia, semântica e a teleologia na interpretação dos Girondinos e Jacobinos, dentre outros grupos e movimentos ao longo da História desde aquele momento, teremos véus de hipocrisia que não materializaram o que, potencialmente, seria a Revolução da Humanidade, na nomenclatura de Revolução Francesa. A própria divisão entre Girondinos e Jacobinos implicava, inicialmente, em excessos disfarçados em moderação, que implicaria, de um lado, Girondinos, os da direita, em manutenção do controle de grupos sociais e do tradicionalismo controlador, pois era um grupo de burgueses ligado diretamente ao governo francês e, do outro, Jacobinos, os da esquerda, uma ideia de pseudo igualdade, por não aceitarem o tradicionalismo e se enquadrarem mais no aspecto revolucionário, com ditames de proteção aos desfavorecidos, mas de maneira a favorecer grupos burgueses menos poderosos, não ligados intimamente à monarquia francesa, pois era este grupo que constituía os Jacobinos, que se sentavam à esquerda. Ambos queriam o mesmo: destaque e poder financeiro. No caso dos Jacobinos, propunham algo bem próximo etimologicamente ao termo democracia, mas jamais cabível semanticamente ao mesmo, dentro de nosso tempo hodierno. Etimologicamente a democracia era a voz do povo verdadeiro; a elite, isto é, os homens livres. Não era cabível a Seres humanos, mas ao que seria considerado como Seres humanos superiores. Jacobinos queriam assistência aos menos desfavorecidos, mas como meio de controlá-los como massa de manobra poderosa ao atendimento de seus interesses, sem que a própria massa percebesse. Algo bem próximo ao que hoje conhecemos como gramscismo, mesmo que ainda não fosse existente naquele tempo. Semanticamente, a democracia é a possibilidade de todos os Seres humanos capazes terem o mesmo direito e poder de decisão sobre a normatização a que será submetido.

A própria Queda da Bastilha não existiu funcionalmente. Se houvesse existido funcionalmente, seria a libertação das possibilidades de recebimento de potências geradoras de capacidades competitivas equilibradas entre as pessoas. Ainda estamos na bastilha e dirigidos por uma mera ideologia de igualdade, liberdade e fraternidade, absolutamente ilusória e, atualmente, regada a um poderoso gramscismo, que passou residir em diversos ramos das ideias, sem que a maioria das pessoas perceba.

A Revolução Humana ainda não existiu e, esta, não mais depende, necessariamente, de armas, mas sim, de ações libertadoras de elementos geradores de potencialidade competitiva. Resumidamente, conhecimento (um elemento das diversas searas do saber), para que o Conhecimento (harmonia entre todas as searas do saber, unidas em um único elemento) de cada um, se torne uno com o Conhecimento universal (o Conhecimento compreendido e o não compreendido, tal como as searas ainda não descobertas).

Necessariamente não necessitamos de armas para uma Revolução Humana, mas essencialmente, elas devem ser potência de manutenção de uma relativa paz social. Nós, Seres humanos, somos potências de autopreservação que, quando necessário, devemos ser barrados quando tais pulsões tomam o lugar da racionalidade na materialização das ações. A paz social é a manutenção estatal, por via de normas objetivas, dos conflitos inevitavelmente existentes, fazendo com que as pessoas não se digladiem entre si como única forma de reação e, quando se digladiarem, terem o poder estatal para recorrerem a algo mais poderoso para solucionarem os problemas. E, mesmo que alguma ou todas as partes não fiquem satisfeitas com as decisões estatais, se recolham ao mero desgosto, sem se conflitarem entre si diretamente, por reconhecerem o poder intervencionista estatal e, mesmo assim, as partes aceitando tal situação, por saberem que têm outros benefícios e possibilidades a serem alcançados pelas próprias vias estatais. Resumidamente, liberdade. Paz social e liberdade, neste contexto, são a mesma coisa.

Como iniciar a revolução? Partindo do próprio “status quo”, que se refere a grupos dominantes, que podem promover conhecimento necessário à Revolução Humana. Jamais partirá de cada um sem que haja liderança, pois se assim fosse, a Revolução Humana já teria existido.

Temos, com isso, mais um conflito existencial. E, se assim não fosse, não seria real. Cabe iniciativa de quem tenha ou adquira posição de destaque. Apenas isso que, por si, é extremamente complexo.

Vamos lutando, cada um, em busca da formação de um grupo que possa escolher entre um mal menor e mais benéfico à totalidade, podendo chegar, a cada ação, mais próximo do que seria a Revolução Humana. A Revolução Humana jamais seria um evento único, a menos que seja por via de armas, o que sabemos, historicamente, não ser viável, pois os vencidos sempre serão resistência e, assim, a liberdade não atingirá a todos, pois a igualdade não atenderá a todos e a paz não residirá nas pessoas, fazendo com que a fraternidade ou empatia, seja parcial.

Supramencionadamente temos alguns elementos para uma reflexão sobre buscarmos soluções reais, desvelando as ilusões de felicidade pelos métodos e meios empregados historicamente até o presente momento. As tantas cosmovisões, uma em cada um de nós, meros Seres humanos, é o que nos levará a uma maior amplitude de compreensões, até que possamos chegar, uníssonos, em uma possível compreensão, em nosso favor; em favor da humanidade, como espécie fraterna. Isso, só será inalcançável enquanto tiver feições de ilusão. Feições que se pautam na possibilidade de perfeição, nos métodos e meios apresentados historicamente até então. Se aceitarmos que o processo será conflituoso, lutaremos incansavelmente, tal como muitas pessoas já o fazem. E obviamente, que o resultado será algo que não agradará a todos com igual potência, mas que levará a todas as pessoas, pesos e contrapesos na igualdade que criará a liberdade, com base na empatia conseguida pela condição fraternal generalizada.

Reflitamos, então…

Autor: Carlos Alexandre Costa Leite

 

Leia nossa indicação e post “É possível chegar a perfeição do ser humano?”

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