Finitude

Finitude

Mario Sergio Cortella e um de seus excelentes textos sobre “Finitude”.

Mario Quintana, poeta que nos legou uma série de pensamentos bem-humorados, densos, carinhosos, tem uma pequena trova que eu sempre gosto de trazer à tona. “Um dia, pronto, me acabo. Seja o que tem de ser. Morrer, o que me importa? O diabo é deixar de viver.”

E há pessoas que acabam tendo a sua finitude ainda em vida, isto é, deixam de viver. E o deixar de viver não é aproveitar a vida no sentido da luxúria, do gasto, do consumo exagerado. Mas deixar de viver é não repartir afeto, amizade, competência, dedicação, tudo aquilo que nos dá força vital.

Nesse sentido, morrer é ser esquecido. No grego arcaico, o verbo para morrer e esquecer tinha certa proximidade, o que é letal, mortal.

Morrer é ser esquecido. Enquanto alguém lembrar de nós, enquanto alguém, mesmo depois que nos formos, levantar uma taça, buscar uma recordação, der um sorriso por algo que se lembrou, derramar uma lágrima, visitar um lugar onde já estivemos, trouxer uma lembrança, nós não ficaremos esquecidos.

Nossa finitude só existe se nos esquecerem.

 

Mario Sergio Cortella

 

Compre o Livro “Pensar Bem nos Faz Bem Vol” do filósofo Mario Sergio Cortella.

 

Mario Sergio Cortella é um filósofo, escritor, educador, palestrante e professor universitário brasileiro mais conhecido por divulgar questões sociais ligadas à filosofia na sociedade contemporânea.

Outros Livros do filósofo Mario Sergio Cortella:

 

Deixe seu comentário