“Embora alguns acreditem que a maneira mais saudável de lidar com o tempo seja a busca de uma intensa presentificação, tendo a discordar disso em parte, pois acho que essa ideia precisa de ampliação.
Não quero negá-la, haja vista que presentificar-se é, sim, importante para uma vida plena, mas quero ampliar essa conceituação.
Creio que precisamos ter consciência de que só existimos no presente, sem perder de vista que aqui há um paradoxo notável: o presente não existe. Mal o percebemos e ele já é passado.
Por isso, penso que a ênfase na presentificação deixa de lado uma das nossas melhores qualidades, a possibilidade de flutuar entre os tempos, […] num movimento sem fim que fazemos por toda a vida.
Para além da desejável presentificação, parece-me que também é crucial o conhecimento cotidiano sobre como fazemos esse trânsito entre os tempos, com que ritmos e com que sentidos ou significados nos movemos pelos tempos ao longo das situações vividas”