Muitos acreditam que envelhecer é caminhar para a pior fase da vida, é a época do isolamento, das doenças, murmúrios e dores, o verdadeiro caminho da morte. Talvez para alguns envelhecer seja exatamente desse jeito, com essas características penosas, com esse jeito tosco e apequenado de encarar essa fase preciosa do viver.
No entanto, quando nos propomos a uma vida de qualidade, com plenitude de nossos direitos tudo pode ser diferente. Envelhecer é fato, é inevitável e fundamental, visto que só não envelhece quem morre. Mas se é mais uma fase da vida, se é um processo repleto de características próprias e inevitável como foi dito, é necessário um olhar menos sabotador para esse momento.
Temos notícias de que o Brasil tem deixado de ser um país de jovens, a taxa de natalidade está reduzindo, as descobertas tecnológicas controlam muitas patologias antes letais, a informação vem crescendo e as estratégias para um envelhecer saudável alcança outros patamares.
Nossa essência são todas as coisas, as boas e as más, por isso nunca é hora de se abandonar ou delegar para o outro nossas rotinas e decisões. Envelhecer também requer acolhimento, compreensão, paciência de todos, além de entendimento para um processo tão singular e importante.
Embora as vezes pareça que envelhecer é um colecionar de perdas e frequentemente acontece com: com o surgimento de algumas doenças crônicas, as modificações orgânicas, viuvez, morte de amigos e parentes, ausência de papéis sociais e para muitos, as dificuldades financeiras por conta das aposentadorias, o envelhecer vai além de tudo isso. Envelhecer é a permanência do ser repleto de desejos e sonhos, dos anseios de um coração jovem num corpo mais lento, mas com possibilidades de dar e receber prazer.
O ciclo da vida são todas as fases do desenvolvimento humano que atravessamos desde o nascimento, cada momento configura uma oportunidade de desenvolvimento e crescimento pessoal, apesar e por conta de seus percalços, crises e desafios.
Velhice não é declínio da juventude, tão pouco o anunciar da melhor idade, o envelhecimento é tempo de trocas, de diálogos e encontros significativos, pois já dizia Jung: “O homem não pode suportar uma vida sem significado”. Precisamos nos alertar para essa fase da vida que já é de tantos e será de todos nós. Olhar com respeito e alteridade para o passar do tempo e suas transformações, suas exigências e alegrias.
E como em uma das canções de Caetano: “Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”!
Mariângela Carvalheiro
Psicopedagoga e graduanda em gerontologia
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