Sou pai de uma criança, ou melhor, de um “homão” de 6 anos de idade. E desde quando ele completou 4 anos de existência, ensino-o a andar de bicicleta sem as rodinhas laterais, ou de apoio.
Até os 4 anos de vida, ele andava em uma bicicleta menor, com as rodinhas para auxiliá-lo. Mas a partir daí, ao ganhar uma bicicleta maior do seu avô, meu pai, venho lhe ensinando a pedalar sem o apoio das rodinhas. No início, foi difícil para ele. Ele estava muito habituado com a primeira bicicleta, era só pedalar e frear. Não era necessário manter o equilíbrio. As rodinhas menores davam conta do recado…
Ele me dizia constantemente que não era necessário retirar as mesmas, pois estava “bom”. No entanto, eu lhe expliquei que era necessário, e que ele deveria aprender a manter o equilíbrio e pedalar sozinho. A segunda bicicleta maior que ele ganhou do avô, também vieram com as duas rodinhas, e ele queria muito continuar usando a bike com elas. Não foi fácil convencê-lo, mas persisti e retirei as rodinhas.
Como todos aqueles (as) que estão aprendendo, fiquei ao lado dele correndo junto da bicicleta, não permitindo uma eventual queda. A cada dia de prática, ele evoluía excepcionalmente. Foram horas e horas de treino. Primeiro aprendeu a pedalar em linha reta, e precisava do meu auxílio para parar. Depois aprendeu a frear, e colocar o pé no chão. E por último, aprendeu a fazer curva, meio que desengonçado. Mas hoje, faz curva sem dificuldade alguma.
Mas durante toda essa caminhada de aprendizado, julguei que era necessário ensinar para o meu filho, algo que certamente, ele levará para a vida toda. Como já disse anteriormente, sempre que ele iria pedalar com a “magrela”, ele solicitava que eu caminhasse ou corresse junto a ele, pois ele tinha um medo enorme de cair. Prontamente, eu ficava ao lado dele, e toda vez que ele iria cair ao chão, segurava-o imediatamente. Foi assim até ele aprender o básico e pegar confiança em si mesmo. Depois disso, tudo mudou…
Como de costume, eu não permitia que ele pedalasse sem o uso de um capacete próprio para ciclismo, e específico para a idade dele. Em uma bela manhã, ele pediu que eu o acompanhasse durante a pedalada, e eu disse que iria, que não desgrudaria do lado dele um minuto. Ele saiu, pedalando e olhando só para frente. E eu fiquei parado, estático, no mesmo lugar. E ele foi pedalando, pedalando, e não percebeu que eu não estava do seu lado. Quando ele percebeu a minha ausência, gritou: “Papai! Cadê você?!”. Logo em seguida, ele caiu…
Após cair, fiquei olhando para ele atentamente. E após se levantar, corri ao seu encontro, e ele chorando muito me disse: “Mas papai, você disse que não sairia do meu lado, e que nunca deixaria eu cair!”. Eu, com um largo sorriso no rosto lhe respondi: “Sim meu filho, disse sim. Mas você precisava aprender muito mais do que só andar de bicicleta. Precisa aprender mais três coisas. A primeira, é que seu pai e sua mãe, nunca te abandonarão. Mas você precisa entender que nós não estaremos aqui por toda a sua vida. Você precisa aprender a caminhar sozinho. A segunda, é que as quedas são comuns durante a vida. Você precisava aprender a cair e se levantar. E a terceira, é que a vida vai te bater muito, e você certamente sentirá dores, mas você aprenderá com cada uma delas. Parabéns”.
Disse para ele ainda, que esse ensinamento eu havia aprendido com meu pai, o avô dele, e que ele não estava mais aqui. Sim, infelizmente eu perdi meu pai, vítima de um acidente doméstico, menos de 20 dias depois do aniversário do meu filho, quando ele ganhou a bicicleta do avô. E por último, disse que lá do céu, o meu pai estava muito orgulhoso dele. Pra minha tristeza, o meu pai não acompanhou e nem viu o meu filho aprender a andar de bicicleta. Mas sobre o meu pai, ou melhor, os nossos pais, eu escrevo em outra oportunidade… Hoje, ele anda de bicicleta com maestria, domina muito bem a “magrela”, mas anda sempre em locais apropriados para a idade dele. Ensine seu filho a caminhar também sem os senhores, e as senhoras. Não importa como. Se é com uma bicicleta, um velotrol, um patinete, enfim… O importante é você ensinar. Um dia ele precisará, e não poderá contar com vocês… E tenho certeza, que esse aprendizado eles levarão para a vida toda e certamente eles também o ensinarão para os seus filhos (as). Lembrem-se: “E você deve ensiná-los a seus filhos, falando delas quando você está sentado em sua casa, e quando você está andando pelo caminho, e quando te deitares, e quando você subir”… (Deuteronômio 11:19)
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