Acho que todos nos perguntamos o que aprender com esse momento que vive o planeta e até onde vão nossos recursos para suportar as crises.
Será então que o homem não sabe amar sem dor? Eternamente precisaremos do cárcere para amar a liberdade, da fome para valorizar o alimento, da dor para perceber a saúde e do caos para olharmos os semelhantes?
O mundo não parou de girar, ninguém impediu o sol de nascer, as estações seguem oferecendo seus cenários peculiares, os pássaros fazem algazarras matinais, o leite da vaca não secou, as galinhas não pararam de botar e nenhuma árvore negou sua sombra. A máxima que não caí uma folha de árvore sem que Deus permita segue intocável.
A crise não é da natureza, a natureza segue inabalável, se auto reciclando pela ausência maciça do homem e suas máquinas. Está mais limpa, mais arejada, renovada.
A crise é só do homem, da humanidade que segue cega as oportunidades de mudança. A crise é tão ética quanto de saúde, mais que uma crise, vivemos uma armadilha, a armadilha do vale tudo.
E o homem, segue sendo o homem.
Enquanto vizinhos solidários cantam nas sacadas, os bandidos de plantão saqueiam os comércios. Enquanto almas generosas oferecem ações solidárias, oportunistas enriquecem frente ao novo comércio que se estabeleceu. Enquanto alguns fazem generosas doações, abrem mão de salários, ofertam amor, outros fazem economia destruindo empregos e alimentando a miséria. Famílias reclusas se amam e outras se odeiam. O homem parece ser sempre o homem, independente do que acontece em seu entorno, tudo é negociável.
Acho que lá em cima alguém gosta muito de nós e nos oferece oportunidades diárias de evolução que pode ser individual ou coletiva. Alguns correm a aproveitar qualquer chance, criam grupos de amor, de prece, de luz e outros permanecem impassíveis e distantes acreditando na pseudo superioridade do homem.
Todos os dias: teorias, decretos, explicações simplistas, ousadas, sobrenaturais, fórmulas e mais fórmulas de amor e desamor. Posturas honestas, fraudulentas, doces e insanas. Há templos fechados, com bênçãos online e casebres abertos ofertando alimento. Há distribuição gratuita de preconceitos contra os idosos, contra os mais frágeis da sociedade e cuidado quase zero com o próximo, que agora tem medo até de espirrar.
Nesse momento o status do homem é uma interrogação, a relatividade da ocasião permite ações que não mais o define como cidadão de direitos.
A vida e a morte não estão em nossas mãos, mas dor e o sofrimento sim e é essa a responsabilidade que nos cabe. A responsabilidade de guardar a vida com plenitude, com felicidade e com paz. E a morte com respeito e reverência, pois, ambas nos pertencem.
Podemos acertar e errar diariamente, pois somos aprendizes e o que nos faz aprendizes é o não possuir a fórmula pronta da vida. E nesse momento mais que em outros, precisamos de temperança e não arrogância.
É como diz Rumi: “Eleve suas palavras e não sua voz, pois é a chuva que faz crescer as flores e não o trovão”!
Mariângela Carvalheiro
Psicopedagoga e Graduanda em Gerontologia
mariangelamsc@gmail.com
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