Atualmente o homem vem buscando descobrir as curas para as diversas doenças que afligem a humanidade. Existe um adágio médico/popular que diz: “Não existem doenças; mas doentes” ou “É fácil curar a doença; o difícil é curar o doente”. Na verdade o homem está doente; embora podemos afirmar que ele não é doente.
Sempre me chamou a atenção o grande número de pessoas que todos os dias estão à procura de postos de saúde, clínicas, hospitais públicos, etc., procurando diminuir suas dores que, muitas vezes, são de origens psicoespirituais (psicológicas e espirituais). Fiz e faço ousadamente a pergunta: Será que toda essa gente realmente tem alguma doença? Onde eles encontram tanta energia para enfrentar filas e mais filas para serem atendidos e dizer que estão doentes e não tem energia para trabalhar? Parece um paradoxo; mas não é.
Além de ser um mal físico ou psíquico, a doença pode também se transformar numa forma de comunicação que o individuo estabelece com o seu ambiente. A dor, por exemplo, tem muito com o meio em que o individuo faz parte, com a forma de vida do “doente”. Está claro para mim que, há “doentes” que se valem dos seus sintomas mais dolorosos para dominar todos os elementos de uma família.
Toda dor, todo sintoma nada mais são do que uma mensagem dirigida para alguém, de maneira consciente ou inconsciente. Assim nem toda doença pode ser considerada um fato absoluto, mas, a priori, um fato relativo.
Em meu consultório ou em comunidades onde clinico, tenho deparado com os mais diferentes tipos de doentes e de doenças. Muitos não sabem nem porque está ali; outros sabem os motivos específicos; enquanto uma grande parte traz uma lista de sintomas, de diagnósticos; de histórias clínicas que dariam um ‘livro’.
Entretanto, a experiência tem nos mostrado que, alguns precisam realmente de um médico para medicá-los e eliminar suas dores físicas, porém, a maioria quer alguém para conversar, querer dizer que estão vivas, que faz parte do mundo; bem como, há aqueles que querem se sentir importante porque faz terapia. Quando comentam orgulhosamente com a vizinha, com a amiga ou no salão de beleza: “Ontem quando fui levar meu filho ao terapeuta…”, “Hoje tenho que ir ao médico, só mesmo para dar uma olhada, pois estou ótima”, “Meu terapeuta é ótimo…”, “Você precisa conhecer o Dr. ‘fulano’ ele é o máximo, me faz sentir para cima, me sentir gente”, “vou aproveitar meu plano de saúde e levar toda minha família para fazer um ‘checap’ completo’…”. Frases como essas fazem parte do cotidiano de muitas pessoas. Lembro-me de uma pessoa que após o marido fazer um plano de saúde, disse com uma satisfação de quem ganhou na loteria: “Agora quero ir ao médico para usufruir do plano, quero fazer ‘tudo’ que tenho direito”. Seu marido, não menos hipocondríaco, sentia o maior prazer quando entrava numa drogaria para fazer suas compras e ia logo perguntando ao balconista” ‘você tem alguma novidade”. O ser humano vive uma carência ‘psicoafetiva’ crônica.
Muitos pacientes buscam o médico/psicoterapeuta, mas sua fala contradiz o que ele realmente quer e busca. Se um individuo me procura dizendo que quer emagrecer, mas traz consigo uma caixa de chocolate para comer durante a consulta, devo crer que, ou ele está louco ou está zombando de mim. Na maioria das vezes são bem mais sutis, de modo que nem sempre é fácil mostrar ao paciente a contradição que se revela através da proposta que ele faz ao mesmo tempo e à mesma pessoa.
É necessário, portanto, estar sempre pesquisando a respeito de meu paciente: com que expectativas ele conta seus sintomas? Porque ele vem ao consultório para falar de outras pessoas? Como ele convive com os sintomas? O que ele pretende com a terapia? Que importância esses sintomas tem em sua vida? Etc..
Quase sempre existe a tendência de isolar o sintoma, a doença, os problemas, como se fosse coisa alheia, falando sobre eles como se eles pertencessem à outra pessoa, até o extremo de dizer que é “algo que não está em mim”. É importante e necessário dizer que tais sintomas, neste momento, são importantes para seu equilíbrio.
É preciso que esteja claro a expectativa do paciente a meu respeito, embora pareça óbvio que ele está pedindo uma ajuda para mudar a sua vida. Mas não é bem isso o que acontece. As vezes, uma pessoa procura um psicoterapeuta para não mudar, quando argumentam que ele esta certo e que as pessoas (os outros) é que estão errados, falam de seus problemas sem demonstrar nenhum envolvimento, nenhum sentimento.
Frequentemente, a dificuldade de lidar com a afetividade, com o amor, é tão grande, que os dissabores da vida são encarados como filme de mistério, é tratado como um problema lógico-matemático, com a pessoa procurando fórmulas hipoteticamente capazes de resolvê-los “de uma vez por todas”.
Tive um caso que envolveu: pai-mãe-filho que buscavam resolver seus “problemas financeiros de relacionamento”, o filho não queria assumir nenhuma responsabilidade; o pai queria aposentar, mas não queria dar a empresa ao filho; a mãe era a mediadora para apaziguar as discussões entre pai e filho sobre questões afetivas disfarçadas em financeiros. Os problemas ou dificuldades afetivas estavam claras desde a primeira consulta, quando o filho alegou que o pai havia lhe ensinado “não sentir”, “que o pai jamais lhe falava com carinho ou lhe dera um abraço…”. Como o pai queria uma solução matemática, por volta da quinta sessão o tratamento foi interrompido.
É importante sabermos que não é apenas o doente que manipula e evita a cura para ficar rodeado de pessoas, de carinho, de afeto, vivenciando numa mesma cumplicidade com os familiares. Há casos em que o pai, a mãe ou esposa não deseja a cura do filho ou do marido, pois a doença de um familiar passou a ser um sentido para a vida daqueles que cuidam do “doente”, evitando cuidar de si mesmo.
Observemos o seguinte relato: “Antes eu cuidava dele (quando ele bebia); hoje ele cuida de mim” (entrevada pela Artrite Reumatóide). Sendo que, a qualquer momento o quadro pode inverter: Ele volta a beber e a artrite se cura; inverte os papeis doente no lar é inevitável. Como foi mostrado no filme “Tempo de Despertar”. O filho ficou vegetando por trinta anos, quando retorna à vida, a mãe entra em pânico, porque não sabia viver sem a doença do filho. Já em “Gritos e sussurros” Bergman mostra a vida, a competição, a doença e a comunicação de três irmãs.
A dor representa, muitas vezes, um sinal de alarme, um pedido de ajuda ou de atenção. Algumas pessoas só conseguem falar de seus sentimentos através da linguagem do corpo, mais do que em termos psicológicos. As mulheres, por questões culturais, ainda utilizam a dor para mostrar seus conflitos internos, sobretudo os relacionados à sexualidade. Os homens, por sua vez, expressam esses conflitos pelo abuso de álcool, drogas, doenças psicossomáticas (úlcera, gastrite, colite, etc.), ou disfunções sexuais como impotência, ejaculação precoce, etc..
Laing mostra que a frigidez, na mulher, é muitas vezes uma forma de não permitir eu o home sinta o triunfo de “proporcionar-lhe” satisfação. O exibicionista exibe seu corpo, ou parte do corpo, tentando vencer o isolamento e a solidão de quem sente que seu eu verdadeiro nunca foi confirmado por alguém. É o que atormenta o paranoico, na verdade, é exatamente o contrário daquilo que é mais aparente: ele é “perseguido “ por ser o centro do mundo; entretanto, sua aflição é com a ideia de que nunca consegue ocupar o primeiro lugar no coração de uma outra pessoa, nunca se sente importante para ninguém e assim acaba criando um lugar ilusório para si mesmo no mundo dos outros.
Finalmente, podemos concluir que há uma relação direta, mesmo que inconsciente, entre doença e o tipo de personalidade, e que a repressão das emoções pode fazer surgir sintomas físicos e/ou psíquicos graves, com o tipo de personalidade e, portanto o tipo de comportamento e de comunicação que cada pessoa estabelece com seu ambiente, pode desencadear, manter ou perpetuar uma doença. Muitas pessoas não conseguem usar óculos, nem aparelho de surdez por vaidade, entretanto, cada dia se vê mais pessoas com aparelho para “correção” dentária, porque este dá status. Assim como, uma simples faixa no pulso desperta a atenção da “turma” ou de alguém em especial. Perguntamos: Estamos realmente doentes ou estamos sofrendo de carência psicoafetiva crônica? Responda para você a essa pergunta!
Dr. José Geraldo Rabelo.
Psicólogo holístico
Escritor e Palestrante. Watsapp – 984719412 – Cons. 3645-4010 e 4020
Email: rabelojosegeraldo@yahoo.com.br e rabelojosegeraldo740@gmail.com
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