Neste artigo quero mostra a vocês meus leitores que não existe forma de amor que não contenha uma pitada de ódio, pelo menos. Nós nos odiamos um pouco porque às vezes a outra pessoa não está do nosso lado quando precisamos dela. Ou porque ela não foi grata por alguma coisa que fizemos por ele ou ela. Também podemos sentir ódio quando eles não nos compreendem o suficiente ou quando ela ou ele não conseguem dizer as palavras que queremos ouvir.
São pequenos ódios que geralmente não transcendem. Eles desaparecem tão rapidamente quanto aparecem e quase não deixam vestígio, só afetam as personalidades mais sensíveis. Podemos lidar com eles e manter o carinho intacto, infelizmente nem sempre isso é verdade.
No entanto, é importante destacar que entre o amor e ódio, há uma linha muito tênue da qual nem sempre estamos cientes da intensa exatidão desses sentimentos.
Na verdade, todos nos surpreendemos quando olhamos para aqueles casais que se amavam apaixonadamente e, de repente, não podem nem se ver. Não estamos falando daqueles que sofrem distanciamento, mas daqueles homens e mulheres que após terem compartilhado um relacionamento de anos e anos se tornam os piores inimigos.
Às vezes, uma situação dessa natureza só ocorre depois de muitos anos de convivência. É o resultado de um vínculo desgastado onde, longe de deixá-lo ir na hora, continuam a mantê-lo até que apareça o reverso mais extremo. Em outras ocasiões, a transformação ocorre repentinamente. Ontem eles se amavam e hoje se odeiam. É então que nos perguntamos: é verdade que do amor ao ódio só há um passo?
São situações muito comuns, dinâmicas relacionais que respondem a um padrão emocional e neurológico muito específico que vale a pena conhecer.
“Odiamos alguém quando realmente queremos amá-lo, mas não podemos amar. Talvez ele mesmo não o permita. O ódio é uma forma disfarçada de amor.”
Frase de Sri Chinmoy
Entretanto, existem situações em que não existe um final tão feliz. Às vezes, um daqueles pequenos episódios de desacordo se torna a semente de uma grande floresta de ódio. Ou são a gota que faz transbordar o copo com um veneno que já se acumulava dentro daquela pessoa que dizia que te amava. Mas confesso que eu como pensador costumo dizer que o amor é como remédio que tem que se dado na dose certa, porque se de pouco não terá o efeito exato, porém de dar em excesso pode se torna um grande mal como um dose de um veneno que será prejudicial.
Assim, e por mais impressionante que possa parecer, amor e ódio não são mundos exatamente opostos. O oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença. Assim como todo amor carrega uma pitada de ódio implícito, todo ódio tem em suas entranhas um componente de amor doentio.
Odeio você ao ponto de te chutar, mas eu também te amo ao ponto de te abraçar e beijar. Tem vezes que tenho vontade de bater você no chão, mas não consigo pois mora em meu coração é que bater por você.
- São situações marcadas por um aspecto muito relevante: a intensidade emocional. Conforme revelado em um estudo publicado na revista Frontiers in Psychology, o ódio e o amor estão envolvidos em um tipo de processamento neural conhecido como efeito de excitação da emoção. Em outras palavras, as emoções mais intensas compartilham o mesmo caminho neurológico, o mesmo caminho de comunicação. Isso explica por que, a qualquer momento, podemos ir de um extremo ao outro.
- Da mesma forma, neste estudo também foi possível verificar que quando os sentimentos de amor são mais fortes, o ódio e o rancor também são mais intensos em caso de separação. O que sugere aos cientistas que existe uma ligação entre o amor romântico e o ódio.
Odiar quem amamos é possível e até lógico dentro desse cenário cerebral. Embora na vida cotidiana, parece uma verdadeira contradição passar do amor ao ódio de um dia para o outro ou mesmo em um determinado momento.
Às vezes te odeio por quase um segundo depois te amo mais , teu gosto, teu rosto, tudo tudo que não me deixa em paz.
Frase do compositor e Músico Cazuza
Como você vai do amor ao ódio?
A transição do amor para o ódio geralmente ocorre de duas maneiras. Por exemplo, pode acontecer que uma pessoa “acorde”, abra os olhos após uma letargia em que estava suportando o que não queria suportar. Também pode acontecer que alguém seja ofendido por seu parceiro, e que seus sentimentos de amor dêem lugar a raiva, contradição e desprezo.
A última situação é mais comum em pessoas com baixa tolerância à frustração ou alto narcisismo. Se não houver recursos emocionais para manter o equilíbrio emocional diante de uma situação adversa, é provável que outras pessoas sejam culpadas pelo sentimento de frustração vivido. Ou seja, odiar o outro pode expor nossas fraquezas, nossa dependência ou nossa insegurança.
As personalidades narcisistas não diferenciam entre uma ofensa e um ato de autoafirmação do outro. Se a outra pessoa exige espaço, reconhecimento ou autonomia, ela vai entender isso como uma agressão. Eles presumem que seu parceiro deve viver de acordo com elas e entendem qualquer ato de liberdade como uma ameaça pessoal. É por isso que elas podem até reagir com violência fisíca ou verbal.
O ódio cria laços muito fortes com o outro. Na verdade, pode levar a laços mais estreitos do que o amor. O pior é que quando uma série de insultos aparece, a situação se torna um círculo que se retroalimenta permanentemente. Nenhum dos dois pode fazer uma pausa saudável. Eles condicionam sua vida emocional à lógica de ferir e evitar ser ferido. Eles sentem que não podem parar a situação, porque isso seria desistir.
Este círculo é altamente prejudicial. É uma situação em que não importa se você vence, pois você sempre estará perdendo na verdade. Não há como resolver isso. A única alternativa é separar-se dessa pessoa e renunciar a esse ódio que pode se tornar uma prisão insuportável da qual você só sairá maltratado e injustiçado.
Se hoje eu te odeio, é porque ontem te amei demais. Frase do pensador Aldemi Alves