A minha definição da síndrome da impostora pode ser resumida em uma frase: não se sentir merecedora de uma conquista e se sentir uma fraude.
Ouvi sobre esse termo há alguns anos e ao buscar mais sobre o assunto, aprendi que foi em 1978 que as psicólogas Pauline Clance e Suzanne Imes deram este nome à condição que é definida como uma experiência individual baseada em uma autopercepção de falsidade intelectual, ou seja, de ser uma farsa.
É um assunto que vem sendo mais falado nos últimos anos. No livro “Síndrome da impostora: Por que nunca nos achamos boas o suficiente?”, que li em 2020, a Rafa Brites traz várias histórias que descrevem bem esses sentimentos confusos, mistura de medo, dúvidas e melancolia. Michelle Obama também já falou abertamente sobre suas experiências relacionadas a esta síndrome que afeta homens e mulheres, porém, as mulheres por tantas questões históricas e desafiadoras no mercado de trabalho sentem em maior grau e frequência.
Compartilho aqui os momentos que foram marcos na minha carreira ao longo da minha vida profissional mas que trouxeram à tona emoções desafiadoras como medo, culpa e dúvidas. Conto também o que me ajudou a lidar melhor com tudo isso. Vamos lá:
- 2008: aos 20 anos, quando tive a minha primeira carteira assinada, em uma empresa multinacional de petróleo e gás. (Que frio na barriga!)
- 2010: aos 22 anos, quando assumi a liderança da área de treinamento e desenvolvimento de uma empresa multinacional de petróleo e gás, com uma equipe de 5 pessoas. (E muitos desafios!)
- 2019: aos 31 anos, quando fiz a minha transição de carreira e saí do mundo do petróleo e gás (após 8 anos de atuação) para iniciar na área de inovação. (E me apaixonei! rs)
- 2020: aos 32 anos, quando passei para uma vaga em São Paulo e me mudei da cidade no interior do Rio (onde sempre morei) para uma grande cidade.
- 2022: aos 34 anos, quando recebi uma proposta de emprego muito boa, para ganhar 4x o meu salário na época e com ótimas condições de trabalho, exatamente como eu sonhava. (Mudou muito a minha vida!)
- 2023: aos 35 anos, quando fui aprovada para uma bolsa de estudos de 5 semanas nos EUA. (Ainda em choque! Rs)
Com certeza tive outros muitos momentos em que a ‘síndrome da impostora’ apareceu, mas esses acima estão bem fortes na minha memória. O de 2022, quando recebi a resposta positiva, lembro que eu paralisei, quis recusar a proposta, li diversas vezes a descrição da vaga e repetia pra mim: ‘Não é possível que eu passei em todas as etapas’, queria dizer para a recrutadora: ‘Olha, acho que foi um engano. Tem certeza?’. Eu aceitei, com medo mesmo. Eu ficava com falta de ar nos primeiros dias, pensando se ia conseguir, e sim, consegui e fiz um trabalho ótimo.
Após esses episódios na minha vida e depois de conseguir nomear e entender mais o que senti, hoje conto com alguns recursos para acolher sem deixar que me paralise. Deixo aqui as minhas dicas e aprendizados:
- Perceber os sentimentos: é muito importante para entender como nos sentimos, que emoções a situação provoca. Só assim conseguimos lidar com elas;
- Rede de apoio: conversar com outras pessoas sobre isso me ajudou muito. Às vezes somos muito críticos conosco e ter alguém que nos olhe mais ‘neutro’, é ótimo;
- Reconhecer o nosso valor: é um exercício necessário, listar no que somos bons, reconhecer pontos fortes, valorizar nosso caminho;
- Pensar sobre as nossas crenças de merecimento: fazer perguntas como: por que eu não mereço? Por que não iam me contratar? O que de pior pode acontecer se eu aceitar? Isso traz mais clareza no momento de dúvidas;
- Criar uma linha do tempo das nossas conquistas e valorizar a nossa trajetória: ajuda a lembrar a potência que cada um é.
O aprendizado é contínuo, mas hoje considero essa síndrome como uma conhecida que me visita às vezes e quando ela chega está me dizendo: “Apesar de parecer que não, você é muito capaz e merecedora.”
Para quem quiser conhecer mais sobre o tema, deixo o estudo da KPMG (2020) ‘Acelerando o Futuro das Mulheres nos Negócios’ e indico o livro da Rafa Brites também.
E claro, podem me chamar que vou adorar conversar sobre o assunto.
Um grande abraço,
Ma