DESCONSTRUÇÃO É PALAVRA DE ORDEM

DESCONSTRUÇÃO É PALAVRA DE ORDEM

Parafraseando uma das bandas de rock mais influentes nos anos 80, Titãs, certamente eu afirmo que “é preciso saber viver”.

E nos tempos atuais, saber viver significa urgentemente reaprendermos a sermos seres humanos melhores. Isto se faz necessário.

Precisamos aprender a nos descontruir.

Mas, o que seria essa tal de desconstrução tão falada? O que seria essa reaprendizagem?

De acordo com Oxford Languages:

Descontruir

Verbo transitivo direto

desfazer para reconstruir (o que está construído, estruturado), freq. fugindo a alguns princípios estabelecidos pela tradição.

Descontruir-se é dar uma oportunidade a você de evoluir. Já pensou nisso?

Não deixe que suas “desculpas abaixo” o paralisem:

_ Olha a minha idade. Como vou mudar agora?

_ Estou velho demais.

_ É deste jeito que aprendi e este jeito é o correto.

_ O que vão pensar de mim, se eu mudar de opinião?

Afinal,  estamos ou não em constante evolução?

O que você aprendeu aquela época e achou que fosse o correto, realmente é o correto?

É vergonhoso mudar de ideia? Ter a humildade de saber que estava errado sobre algo e entender que a mudança é necessária.

Eu vejo minha mãe, uma senhora de 79 anos, procurando, sim, se descontruir e isto é fantástico. Ela tem a consciência de muitas coisas que falou ou fez vierem de aprendizados errados.

Veja bem, não estou aqui apontando o dedo para os nossos bisavós, avós, pais, pois eles aprenderam aqueles conceitos tidos como corretos para aquela época. Entretanto, como seres pensantes, devemos, sim, modificar nossa forma de conduta se isso for necessário para o nosso próprio crescimento espiritual, moral, material e para o bem da coletividade.

Descontruir-se é descer do seu pedestal de tenho 100% de certeza para assumir que a sua certeza não era tão certa como havia pensado. Descontruir-se é aprender com os seus erros e não cometê-los mais.

Novamente, me coloco no meio deste balaio, pois certamente errei e erro bastante, porém o que não posso fazer é insistir no erro.

Lembre-se do ditado: “Errar é humano, mas insistir no erro é burrice.”

Com isso, não estou incentivando o famoso cancelamento desta ou daquela pessoa, mas dando a chance da pessoa refletir.

Outro ponto interessante para conseguirmos trazer mais e mais pessoas para este caminho da desconstrução é saber que aprendemos pelo exemplo. Seus filhos, sobrinhos, primos, neste exato momento fazem o mesmo que você em relação a seu modo de dirige, tratar seus colaboradores, seu marido, sua esposa, namorado(a).

Só para exemplificar: meus filhos gêmeos brincavam quando pequenos com suas bicicletas no quintal de casa. Um deles queria ultrapassar o outro com sua bike e adivinhem? Ele saiu xingando o outro com alguns palavrões. Palavrões estes aprendidos pelo meu mau exemplo.

Agora, quando eu me modifico e outros perceberem que esta mudança foi benéfica tanto para mim, quanto para terceiros, eles como seres inteligentes poderão se modificar e muitos farão isso. Poderia chamar este ato de arrastão do bem.

Assim sendo, não é porque você aprendeu certas coisas, viu certas cenas ou tomou certas atitudes que necessariamente elas sejam corretas. Muitas delas têm caído por terra e merecem ser esquecidas e bem enterradas para que nunca mais ocorram.

Nâo podemos continuar a fazer o que fazíamos antigamente e acharmos normal. Não é legal piadas preconceituosos, comentários maldosos ou desnecessários, tais como: nossa como você engordou ou não gostei do seu corte de cabelo, etc

Temos que aprender mais sobre o tão falado “lugar de fala” e ouvirmos o que as minorias têm efetivamente a nos ensinar, pois não sabemos tudo e não passamos pelo que eles passam diariamente.

E como podemos aprender a nos descontruir?

Como devemos entender e nos posicionar no tão falado “lugar de fala?”

Em minhas pesquisas, encontrei um texto bem elucidativo sobre o tema:

“….., a ideia do lugar de fala tem como objetivo oferecer visibilidade a sujeitos cujos pensamentos foram desconsiderados durante muito tempo. Dessa forma, ao tratarmos de assuntos específicos a um grupo, como racismo e machismo, pessoas negras e mulheres possuem, respectivamente, lugar de fala. Isto é, podem oferecer uma visão que pessoas brancas e homens podem não ter.

Desse modo, o microfone é passado para as pessoas que realmente vivenciam aquela realidade.

Isso não significa que quem não faz parte daquele grupo não pode expressar sua opinião, entretanto, o ideal é abrir espaço para aprender, entender e respeitar o que aquele grupo está tentando dizer.”

Extraído do site: https://www.politize.com.br/o-que-e-lugar-de-fala/

Portanto, como poder aprender a nos descontruir?

Vamos lá:

Entender o preconceito é o primeiro passo. Busque se informar através de livros, matérias jornalísticas sérias, ONGs sobre o tema.

Identifique a origem do preconceito. Onde você se encontra neste contexto? Você está no lugar de fala ou no lugar de aprendizado?

Para tudo há, no mínimo, 2 lados da história. Não há verdade absoluta, nem mesmo neste artigo.

“Entenda o que o outro tem a nos ensinar, sem menosprezá-lo.

Renato Janine Ribeiro

Educação e acesso às fontes certas são os meios de promover a desconstrução do preconceito.

Apoie as medidas de inclusão. Não aponte, inclua. Sejamos construtores de pontes.

Gosto muito de citar posts das redes sociais e em um deles é dito:

“A piada só é boa quando os dois dão risada.”

Piada com a dor alheia não é piada. Sei que ao tratar deste tema, estamos pisando em um campo minado, há uma linha tênue neste quesito, pois cai no politicamente correto debatido por comediantes renomados. Se podemos ou não fazer esta ou aquela piada.

Contudo, a dor alheia merece respeito. Hoje você faz a piada, amanhã você pode ser a piada.

O mundo precisa de inclusão, amor, tolerância, empatia e respeito.

Pense comigo:

Se fosse para as coisas permanecerem como sempre foram, o mundo não teria evoluído, estaríamos ainda na idade da pedra, certo?

Um forte abraço.

Informação adicional:

Renato Janine Ribeiro é um professor de filosofia, cientista político, escritor e colunista brasileiro. Foi ministro da Educação do Brasil, entre abril e setembro de 2015.

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