Democracias ou Ditaduras?

Democracias ou Ditaduras?

A democracia é, simplificadamente, a prevalência e materialização das escolhas da maioria e, não meramente o direito de se expressar. O direito de se expressar é o instrumento para o alcance de um objetivo específico, que é a prevalência da maioria. Como consequência, a minoria não tem a materialização daquilo que compreende ser melhor.

O paradoxo que gera os maiores conflitos vem da ausência de um padrão; de uma objetividade procedimental, pois quem defende a democracia, como sendo a prevalência da opinião da maioria, não poderia, em uma visão mais simplória, defender as minorias, que são as pessoas não inseridas nas escolhas da maioria.

Não é um modelo de escolha da maioria que implica em um Estado harmonioso, mas sim, o atendimento das necessidades de todos, de maneira harmoniosa. Harmonia, neste sentido, implica em atendimento ou não atendimento das totalidades exigidas pelos grupos conflitantes, mas sim, no atendimento daquilo que será definido como possível de atender as subjetividades, pelas próprias subjetividades dos grupos.

Não é uma ilusão de ausência de conflitos, pois os seres vivos são essencialmente conflitantes. É uma busca em atender a todos, mesmo que não em tudo e, isso, para todos, para que se percebam em um macrogrupo como povo e nação. De igual forma, não é uma forma de diminuir o atendimento das necessidades, levando à ilusão da igualdade pela diminuição da qualidade de vida, tal como fazem as ditaduras. É, de fato, a busca por um equilíbrio que, obviamente, seria algo extremamente conflituoso em princípio, mas tendente a ir se equilibrando com o tempo e experiências.

Uma tarefa hercúlea, mas o caminho para uma sociedade livre de paradigmas ultrapassados como democracias e ditaduras, esquerdas e direitas e tantos outros rótulos que levam apenas as massas a se digladiarem, desviando-se dos principais pontos a serem questionados e combatidos, em nome da generalidade e não somente de punhados humanos.

Democracia e ditaduras são modelos de prevalência de ideias e objetivos a serem alcançados pelas classes mais fortes. Diferem-se apenas na clareza. Nas democracias, a ilusão da liberdade, escolha e dignidade. Nas ditaduras, os mesmos ataques indiretos das democracias, mas feitos de maneiras mais diretas e mais claras. O que nos leva a uma reflexão sobre a crueldade de ambas. Enquanto nas democracias as pessoas morrem de fome vagarosamente, acreditando serem livres, nas ditaduras as pessoas são executadas, simplesmente por reclamarem da falta de alimentos. De fato, a diferença vem do direito de reclamar ou não e, não dos resultados, pois ambas levam as gentes a diversos modelos de ruína social e individual.

Seria fácil escolhermos um lado estando nele. Ou somos inseridos nas escolhas democráticas ou não somos. Ou somos maioria ou somos minoria. E o grande trunfo da democracia, é colocar as pessoas não inteiramente inseridas em maioria ou minoria, mas sim, colocá-las em situações muito específicas em uma e em outra, as fazendo lutarem, questionarem, se sentirem desconfortáveis, mas sem irem muito além, em níveis que destruiriam uma ordem política. Nas ditaduras, as pessoas que questionam são simplesmente caladas e, ideias de maioria e minorias são sequer aceitas como algo a ser mencionado.

Obviamente que isso não é um convite a ausência de governos, mas de governos com métodos menos descarados, mais livres de fracassos históricos que comprovam as ineficiências dos modelos ainda aplicados, reformulados como monstros irreconhecíveis.

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