Mario Sergio Cortella e um de seus excelentes textos sobre “Débito paternal”.
Débito paternal é uma expressão estranha. Que débito é esse? Todas as vezes que pensamos na nossa trajetória na família, no nosso trabalho, no cotidiano, essa ideia do débito vem à tona para quem tem filhos. Porque alguns filhos parecem mais um encargo do que um patrimônio.
Nós sabemos o quanto, no dia a dia, a capacidade de cuidar vem ganhando complexidade. Além de tudo, há um custo financeiro que é bastante alto.
Quem lembrou isso foi Stendhal, escritor francês que ficou órfão de mãe aos 6 anos de idade; um entusiasta da Revolução Francesa, autor da obra-prima O vermelho e o negro, ele tem uma frase um pouco cruel: “Um filho é um credor dado pela natureza”.
O débito paternal ou maternal – aliás, há muitos filhos e filhas hoje que acham que são credores, que não têm débito algum, isto é, confundem desejos com direitos e acabam colocando, para alguns pais e mães, a ideia de serem esses pais meros financiadores, ou até devedores, do que de fato aquilo que são na organização de uma família, na qual há, sim, necessidade de partilha do trabalho, partilha de atividades, partilha da vida.
E, é claro, uma economia da família, aquilo que se chamava economia doméstica, tem que ser bem pensada; afinal de contas, pais e mães não podem ser olhados apenas como devedores.
Mario Sergio Cortella
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Mario Sergio Cortella é um filósofo, escritor, educador, palestrante e professor universitário brasileiro mais conhecido por divulgar questões sociais ligadas à filosofia na sociedade contemporânea.
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